Novembro de 2011
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ISSN 1806-2776
 
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ARTIGOS

A censura representada nas páginas de Veja

Por Eliza Bachega Casadei*

RESUMO

A revista Veja nasce em meio a um delicado momento da história nacional, pouco mais de quatro após a instalação da ditadura militar no país. Estabelece-se, a partir desse contexto histórico, uma complexa conjunção de fatores – que, no geral, afetava grande parte da imprensa da época – em que, por um lado, a censura e a repressão impostas pelos militares se tornam fatores de conflito com os periódicos; mas, por outro, como órgãos que visavam lucro, havia certo atrelamento entre os órgãos de imprensa e o Estado através do incentivo fornecido por meio das concessões de publicidade e o favorecimento na importação de equipamentos.

Veja, 21/03/1973

Tendo em vista este contexto, o presente artigo pretende mapear quais foram as estratégias utilizadas pela revista Veja para transformar a censura em pauta durante o período de Setembro de 1968 até Junho de 1976 – período em que a própria revista esteve submetida à censura. Neste intervalo, a revista publicou 551 textos que citavam a palavra “censura” em 405 edições. As estratégias utilizadas variaram ao longo do tempo e, de uma maneira geral, estão relacionadas com o jogo entre o dizer o que se pode para entrever o proibido.

PALAVRAS-CHAVE: Censura / Imprensa / revista Veja / 1968 a 1976

O Arquivo Miroel Silveira guarda um texto teatral submetido à censura que nos causa certo espanto se encarado sob uma perspectiva mais atual. Trata-se da peça Oedipus Rex, de Tatiana Belinky, submetida ao Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo em 02 de Agosto de 1957. A particularidade desta peça está no fato de que, em sua estória, um determinado personagem negocia a liberação da censura de um poema que havia sido vetado nos seguintes termos:

Lucia: Veio um recado da tipografia, dizendo que a censura não deixou passar a poesia com a vinheta. (...)

Ed:
Ah, é? Hummm... Neste caso... acho que vou ter que tomar providências eu mesmo? (...)

Am:
Providências?

Ed:
Sim. Vou ter que falar eu mesmo com o Humberto.

Am:
Humberto? Quem é Humberto?

Ed:
É um amigo meu. Humberto Buri – é o manda chuva da censura, tudo depende dele... Como era mesmo o telefone dele... espere aí... ah (pega no telefone – Lucia faz gesto de quem vai avisar, mas Amandio, numa inspiração, lhe acena para ficar quieta – Édipo disca rapidamente e fala com displicência).

Ed:
Alô... é da censura? Quero falar com o Buri – pode dizer que é “Oedipus Rex” – aliás é Felipe. Felipe Wagner, ele sabe. Pois não. Alô? Humberto? Aqui é Felipe... vou indo, e você? Tudo bem. Ótimo. Diga uma coisa, Humberto – que história é essa de “pedar” a vinheta de poesia do novo Satiricon. Ora, deixe disso... eu me responsabilizo... você revoga ordem? Ótimo. Obrigada, Humberto. Lembranças à patroa. Até loguinho. (Põe o telefone no gancho). Pronto. Está arranjado.

Trata-se de um excerto que nos causa espanto devido ao fato de que, diante de uma cena que coloca a censura a nu, a única fala que foi vetada efetivamente (a expressão “Buri – é o manda chuva da censura”) obedece a um procedimento um tanto formal e rotineiro. Isso porque o personagem do censor, Humberto Buri, parece ter sido inspirado em uma pessoa real. O diretor da Divisão de Diversões Públicas do Estado de São Paulo [2], na época, se chamava Joaquim Buller Souto. A semelhança entre a pronúncia do nome Buller com a grafia utilizada na peça (Buri) faz pensar que, de fato, Belinky tenha feito uma referência a ele, mesmo que tenha mudado o primeiro nome.

Trata-se, portanto, de um corte meramente burocrático, pois sabemos que havia mesmo uma orientação explícita de que os censores deveriam cortar o nome de marcas conhecidas ou de pessoas públicas que eventualmente aparecessem representadas nas peças (BARRETO FILHO, 1941).

O desnudar do procedimento censório, no entanto, não parece ter se configurado como um problema aos olhos dos censores que avaliaram essa apresentação. Nesta peça, a representação não só da censura foi liberada, como também a ideia de que ela envolvia alguns jogos de negociação (indo além de uma apreciação do conteúdo), o que não causou demasiados problemas para os produtores da peça com a censura oficial prévia.

A ação da censura sobre esta peça específica alude, portanto, a um problema bastante geral, fundamental para que possamos entender os processos censórios: ele diz respeito ao modo como determinadas expressões culturais representaram a censura, quando essas mesmas representações culturais sofriam diretamente os seus efeitos. Em outras palavras, em um espectro mais amplo, está relacionado às estratégias que artistas, jornalistas e outros produtores culturais utilizaram para mostrar ao grande público a existência da censura e as suas consequências. E, além disso, diz respeito também ao jogo existente entre o dizer o se pode para entrever o proibido.

1. A revista Veja: entre a ação censória e o contexto histórico

A atuação da censura em Veja segue um caminho um tanto particular, se a compararmos com outros veículos da imprensa noticiosa. Em um primeiro momento (de 1968 a 1973) a ação da censura era esporádica e bem mais flexível em comparação à sua ação a outros órgãos de imprensa. Para Gazzotti (2001:02), isso pode ser explicado pelo fato de que, neste período, “foram poucas as vezes em que Veja publicou sobre assuntos ‘espinhosos’, que eram proibidos de acordo com o regime. A revista buscou uma pretensa neutralidade frente aos militares e quando enfrentou o regime soube recuar devido à ameaça da censura prévia”.

De 1974 a 1976, no entanto, há um endurecimento da atuação dos órgãos censórios na revista e estima-se que tenham sido cortadas mais de dez mil linhas de reportagens prontas, somente nos últimos dois anos de intervenção policial na revista e que mais de sessenta reportagens e 64 ilustrações foram proibidas (VEJA, 09/06/1976). Uma maneira encontrada para informar o leitor quanto aos cortes foi a inserção de figuras medievais de diabinhos e anjos e de propagandas da editora Abril com sua árvore de onze folhas (VEJA, 09/06/1976). Nesse período, a censura a Veja foi mais forte do que em outros veículos, causando uma série de prejuízos à publicação.

No quadro abaixo, podemos perceber os momentos de relaxamento ou de endurecimento da ação censória na revista:

Período
Forma de censura
Set/1968 a Dez/1971 “Censura branca”: comunicados e telefonemas do governo federal informando assuntos que não deveriam ser divulgados.
Jan/1972 a Set/1972 Censura prévia
Out/1972 a Fev/1973 Censura branca
Março/1973 a Jan/1974 Censura prévia para as matérias sobre sucessão presidencial
Fev/1974 a Março/1974 Censura prévia total
Abril/1974 Censura branca
Maio/1974 a Maio/1976 Censura prévia
Junho/1976 Fim da censura
(GAZZOTTI, 1998)

As estratégias utilizadas pela revista para retratar a censura são influenciadas, certamente, por estes humores do processo censório.

Não podemos nos esquecer, contudo, que existiam outros fatores em jogo que precisam ser delineados.

Nesse momento da história do país, há uma complexa conjunção de fatores – que, no geral, afetava grande parte da imprensa da época – que se configurava a partir de uma contradição: por um lado, a censura e a repressão impostas pelos militares se tornam fatores de conflito com os periódicos; mas, por outro, como órgãos que visavam lucro, havia certo atrelamento entre os órgãos de imprensa e o Estado através do incentivo fornecido por meio das concessões de publicidade e favorecimento na importação de equipamentos (GAZZOTTI, 1998: 7).

Inserida nesse contexto a qual não pôde se subtrair, a revista Veja ora se alinhou a determinadas visões de mundo respaldadas pelo regime militar, ora se orientou em direção à defesa da normalidade institucional.

Há um posicionamento bastante claro por parte de Veja, no que diz respeito ao regime militar: a defesa da abertura política era posta em termos institucionais. É necessário enfatizar o fato de que Veja sempre defendeu uma “abertura conservadora”, o que significa dizer que ela deveria ser orquestrada pelo próprio governo. Qualquer manifestação que pudesse incentivar um endurecimento do regime (movimentações estudantis, grupos armados ou manobras muito incisivas por parte da oposição) era automaticamente condenada. Somente nos períodos mais críticos das “Diretas Já” que a revista passa a defender uma atuação popular mais ativa (TEZINI, 2007).

Em um primeiro momento, Veja limita sua crítica a dar voz aos opositores, mas não se mostra muito incisiva com o pretexto de não prejudicar o andamento da suposta abertura política. Outros motivos, no entanto, podem ser delineados, como bem o expõe Gazzotti, como o medo da censura (que já se realizava de forma intermitente na revista, através de ligações de censores e a emissão de listas de assuntos proibidos), a necessidade de “fontes” militares para a construção das reportagens e a tentativa de consolidação da revista no mercado editorial (de forma que não se perdesse dinheiro com edições apreendidas).

Após a morte de Costa e Silva, essas supostas vias de abertura democrática são definitivamente fechadas e a revista reconhece esse fato. Sua estratégia argumentativa para veiculação de determinados temas muda e ela passa a adotar o recurso de publicar as posições dos diversos grupos que participavam do governo. Alguns autores apontam para o fato de que foram essas sucessivas entrevistas e perfis de generais que mantiveram a revista, durante algum tempo, intocada pela censura.

De qualquer forma, até aproximadamente o ano de 1972, embora Veja continuasse a pregar a volta às instituições democráticas e a destacar em suas reportagens todos os elementos que indicassem a abertura do regime, ainda assim, nesse período, a revista procurou manter uma posição conciliatória com o governo militar. Um exemplo patente dessa disposição para o consenso estava na cobertura dos movimentos de grupos armados. Não só quanto a esse tema “a voz de Veja era a voz do governo” (GAZZOTII, 1998: 67-74), como era também utilizado um vocabulário altamente pejorativo para fazer referência a esses grupos.

Obviamente, esse posicionamento bastante definido em relação ao regime militar também nos ajuda a delinear as linhas de forças envolvidas nas representações que a revista faz da censura. Uma vez exposto esse contexto histórico, podemos delineá-las com maior clareza.

1.1. 1968-1969: a neutralidade em relação às artes e a censura à imprensa somente no plano internacional

Desde o primeiro número da revista (de 11 de Setembro de 1968) até o final de 1969, Veja publicou 79 textos que citavam a palavra “censura” em 69 edições. Há, no entanto, uma particularidade nestas produções. Destes, 39 textos falavam sobre a censura em expressões artísticas nacionais (teatro, música, programas de TV, literatura, entre outros) e apenas três em produções artísticas internacionais.

Esta tendência se inverte quando é censura à imprensa: dos 30 textos publicados sobre assunto, 26 dizem respeito a atos de censura cometidos em outros países e apenas quatro relatam casos de censura à imprensa nacional. Além destes textos, há ainda sete outros que se referem à censura em geral – sem recaimento em uma produção específica –, sendo cinco textos referentes a casos internacionais e dois a casos nacionais [4].

Esses números nos mostram que se não soubéssemos nada de história e lêssemos apenas as 69 edições iniciais de Veja, poderíamos ficar com a impressão de que a censura no Brasil se limitava ao campo das artes. Apesar do Ato Institucional número 5, que endureceu a censura em todos os veículos de comunicação, era nas reportagens sobre as artes que a revista conseguia representar a censura e mostrar que ela estava atuante no país.

No que se refere ao campo da censura nas artes, podemos reconhecer algumas particularidades no conteúdo destes textos: quando se trata de expressões artísticas, a censura é representada, neste período, com certo tom de normalidade. Nestas primeiras matérias, não encontraremos o tom de contrariedade e revolta que estará presente em abordagens posteriores de Veja e nem ao menos o mesmo tom de denúncia que era comumente utilizado para matérias que falavam de censura à imprensa.

Obviamente, não há defesa do ato censório, mas, tampouco, há críticas muito contundentes neste período: a censura às artes é tida como algo que está simplesmente dado e é tratada como algo naturalizado. Esse tom neutro é adotado, sobretudo, quando se trata de censura com tonalidades morais [5].

Esse comportamento pode ser explicado por certo cuidado com o próprio público leitor da revista. Exemplo significativo da opinião pública da época pode ser delineado a partir da carta de uma leitora que foi publicada pela própria Veja:

Apesar de muito bem redigida, a seção de cinema do número 23 trouxe uma informação que realmente causa escândalo. É alarmante pensar que a produção do filme Satyricon [do Fellini] contrate cinco advogados para preparar argumentos válidos contra a censura que provavelmente o filme terá. Isso mostra como o cinema está cada vez mais se tornando fonte de informações perniciosas e de degradação dos costumes e valores morais. Leda Camargo / Belo Horizonte / Minas Gerais (VEJA, 26/02/1969).

Apesar disso, há, no entanto, uma função importante que pode ser atribuída a essas matérias: apesar do tom de neutralidade, elas mostram que havia sim censura no país e, não raro, desvelam alguns de seus mecanismos. Podemos encontrar, neste período, alguns trechos curiosos que mostram, por exemplo, que:

A Censura não gosta dos filmes de Mojica (cortou oito minutos do último “O Estranho Mundo do Zé do Caixão”) e exige que seu torturado herói jamais triunfe. No final de “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver, Zé do Caixão, perseguido pelos moradores de uma cidadezinha, afunda num pântano proclamando: ‘Deus não existe!’. Mas como a censura considerou este final inaceitável, ele acrescentou uma fala extra nos últimos segundos da sequência: ‘Deus existe!’ (VEJA, 08/01/1969).

Em matérias como essas, ao desvelar o que havia sido proibido, o texto neutraliza, em certa medida, os objetivos da censura.

No que se refere ao conteúdo das matérias que tratavam da censura à imprensa, também podemos notar alguns comportamentos curiosos: o tom, de um modo geral, era muito mais incisivamente contrário [6] do que o utilizado para matérias que versavam sobre a censura às artes; não obstante isso, há um conveniente silêncio quando se trata da censura à imprensa brasileira. Apenas quatro textos deste período falavam sobre a censura à imprensa nacional.

Um exemplo bastante contundente deste direcionamento está na reportagem “Silêncio: o censor está agindo”, publicada na edição de 25 de Junho de 1969. Segundo o texto, “cerca de 60% da população mundial depende atualmente de informações publicadas em revistas e jornais censurados” e, embora cite casos em diversos lugares do mundo (como Arábia Saudita, Coreia do Sul, Espanha e até mesmo na Rodonésia), nenhuma palavra é dita a respeito da censura à imprensa brasileira.

Outro comportamento interessante está na associação que era feita entre a censura à imprensa e o comunismo. Esta é a temática de 19 matérias deste período (um total de 73% dos textos que versavam sobre a censura à imprensa internacional).

1.2. 1970: ofensivas contra a temática da censura

Durante o ano de 1970, há uma mudança radical na forma como Veja vinha retratando a censura. Essa mudança é resultado de uma reação ao Decreto 1077, no qual Veja adota uma postura frontalmente contrária.

Oficialmente, esse decreto era uma cruzada contra a publicação de materiais pornográficos, porém, na prática, ele legalizou a existência da censura prévia no país. Segundo Kushnir (2004: 117), “ao baixar esse decreto, considerou-se que os meios de comunicação obedeciam a um plano subversivo que ameaçava destruir os valores morais da sociedade”. Durante todo esse ano, Veja critica o decreto por entrever razões políticas sob uma justificativa moral e coloca isso explicitamente em seus textos.

O tom neutro antes utilizado quanto à censura às produções artísticas é abandonado neste período e Veja parece adotar, em todos os seus textos, uma máxima que eles mesmos cunham no fechamento de uma matéria que versava sobre a eutanásia: “para muitos médicos, a eutanásia, mesmo por omissão, é como a censura: admitido o princípio, onde se vai parar?” (VEJA, 15/04/1970). A crítica é reiterada também em editoriais que confirmam o posicionamento [7].

Além disso, a revista investe em matérias que ironizam a validade de algumas das ações da censura. Podemos destacar, por exemplo, um texto que coloca que “um livro erótico escrito há cerca de 3 000 anos, já liberado pela Inquisição espanhola em 1798 para inclusão na Bíblia, será o primeiro a ser examinado pelas novas regras da censura” [8] (VEJA, 18/03/1970). Ou, ainda, outra que diz que:

Uma história que conte a vida de dois jovens – ele dezessete anos; ela catorze – que se apaixonam e namoram contra a evidente vontade dos pais pode, por alguns, ser considerada imoral e capaz de favorecer a dissolução dos costumes e da família. Poderia mesmo ser catalogada como ‘aventura amorosa, de violência e sexo’, classificação usada pela Polícia Federal para enquadrar as revistas de fotonovelas e publicações congêneres (...). Para outros, inegavelmente a maioria, a história de Julieta Capuleto e Romeu Montecchio é uma das mais belas tragédias de amor de todos os tempos (...). Seja considerado inconstitucional o decreto-lei – recentemente aprovado na Câmara Federal – (...), o certo é que os executores da censura estão na difícil contingência de distinguir o amor da imoralidade, que, para quem quer, existe até em Romeu e Julieta. E estão também na iminência de atingir publicações boas e ruins numa mesma medida restritiva, num sempre injusto nivelamento por baixo (VEJA, 20/05/1970).

Essas críticas, que são bastante explícitas neste período, não impedem que sejam publicadas também algumas matérias com vieses contraditórios, em que, paradoxalmente, em alguns casos, se cobrava uma postura mais firme por parte da censura. Em um texto da edição de 18 de Março de 1970, por exemplo, ao reclamar da pouca qualidade da televisão brasileira, uma reportagem afirma que “outras punições que não a do desprezo não estão previstas, pelo menos na lei.

O Serviço de Censura Federal está mais preocupado com a pornografia, a violência (não contra o espectador, mas na imagem) e a Segurança Nacional” (VEJA, 18/03/1970). Essa postura (que, se dita em termos populares, poderia ser traduzida pela expressão “dar uma no cravo e outra na ferradura”) está de acordo com a postura conciliatória que Veja adotou em seus primeiros anos.

Durante o ano de 1970, Veja publica 73 textos que falam sobre a censura em 52 edições, sendo que 18% versavam sobre a censura à imprensa (cinco sobre a imprensa nacional e oito sobre a internacional), 37% sobre a censura a produções artísticas e 45% sobre a censura de uma maneira geral (sem recaimento sobre uma produção cultural específica) [9]. Essa ênfase à censura de um modo geral já informa, de certo modo, o novo posicionamento da revista, mais universalmente acusatório em relação à censura.

1.3. 1971-1972: doação de espaço às vozes contrárias à censura

Se o ano de 1970 foi caracterizado por um posicionamento explicitamente contrário em relação à censura, durante os anos de 1971 e 1972 – devido ao próprio endurecimento da censura na revista – Veja adota novas estratégias para falar a respeito da censura, que não o confronto direto.

Muito embora em alguns momentos a revista ainda coloque explicitamente a sua posição [10], isso passa a ser feito, na maioria dos casos, de uma forma mais velada, a partir da fala de entrevistados (e não mais da própria revista) que se posicionam contrariamente à censura.

No período entre 1971 e 1972, a revista Veja publicou 140 textos que continham a palavra “censura” em 104 edições, sendo 19% deles relacionados à censura à imprensa (55% destes sobre a censura internacional e 45% sobre a censura nacional), 16,4% sobre a censura de um modo geral e 64,6% sobre a censura às produções artísticas [11].

Destes textos, aproximadamente 35% deles adotam essa postura de dar espaço e destacar as falas de personagens que se posicionam contrariamente à censura. Apenas quatro textos (2,85%), no mesmo espectro temporal, destacam a fala de personagens que falam da censura em termos positivos.

1.4. 1973: a inépcia da censura e a qualidade dos artistas

O ano de 1973 marca a volta de uma nova ofensiva mais direta e explícita quanto à censura por parte da revista. Trata-se de um período em que a própria censura prévia à publicação também estava mais branda e, com isso, a revista consegue impor mais diretamente as suas posições a respeito da censura em suas reportagens.

No editorial da edição de 21 de Março de 1973, por exemplo, afirma-se, a respeito de um apresentador de televisão que sofreu pressões da censura, que “a reportagem de capa desta edição pretende mostrar que, se ousado animador está muito longe de ser um herói, nada de heróico há nas tarefas da censura, cujos poderes, em certos climas, podem tornar-se exagerados” (VEJA, 21/03/1973).

As críticas direcionadas à censura, neste período, se alocam principalmente em dois eixos: (1) a insistência da inépcia e da falta de critérios da censura para julgar o que deve ser cortado ou não, de um lado; (2) a ênfase no elogio do mérito e da qualidade dos produtos e artistas censurados, de outro.

A reportagem “Moral sem Tabela”, publicada em 17 de Outubro de 1973 é bastante significativa acerca do posicionamento adotado pela revista no período:

“Os espetáculos, à diferença do leite e da carne, não podem ter a sua moral tabelada. Contudo, na semana passada, verificou-se mais uma vez como seria saudável se o órgão controlador dos índices de qualidade dos costumes, a Divisão de Censura do Departamento de Polícia Federal, tivesse a virtude de produzir decisões tão irrevogáveis quanto o seu zelo. Num só dia, dois espetáculos liberados pelos censores foram impedidos de continuar em exibição em teatros do Rio (...). Mesmo admitindo-se que alguma censura deve ser aceita e reconhecendo-se que ela é, sobretudo, legal, está claro que, apesar disso, a lógica ainda não foi revogada. Assim, a Censura, com as suas razões, proibiu um show do travesti Rogéria e essa decisão é, pelo menos, legal. Contudo, sabendo-se que o julgamento dos trabalhos artísticos é feito por linhas tênues as vacilações da censura brasileira, liberando e depois censurando as suas próprias decisões sem oferecer os esclarecimentos necessários, em vez de aprimorar os costumes, pode estar lançando dúvidas sobre a qualidade de seus censores e, portanto, de todo o seu trabalho”.

No ano de 1973, Veja publicou 112 textos que continham a palavra “censura” em 52 edições. Trata-se, portanto, do ano em que a revista mais abordou esta temática.

Destes, 25% falavam sobre a censura à imprensa e, pela primeira vez, a censura à imprensa nacional recebe maior atenção (com 65% das ocorrências) do que os periódicos internacionais.

O posicionamento em relação à censura à imprensa nacional é também bastante acusatório (abandonando, de certa forma, o comedimento de anos anteriores para se tratar da questão), noticiando casos ocorridos naquele ano e expressando apoio aos veículos que sofreram seus efeitos [12]. As notícias sobre esse assunto são tratadas muito mais explicitamente do que em anos anteriores.

Além disso, 8% destes textos falavam sobre a censura de um modo geral, enquanto 67% deles falavam sobre a censura a produções artísticas. Somente o teatro foi responsável por 26,6% deste corpo de textos [13].

1.5. 1974-1976: avanços, recuos e problemas com a censura

Durante o período de 1974 a 1976, a revista Veja é marcada por uma série de problemas com a censura e o endurecimento de sua ação para com a publicação. Alguns momentos críticos da intervenção da censura da revista dizem respeito, por exemplo, a nota de que o arcebispo de Olinda Dom Helder Câmara concorreria ao Nobel da Paz ou a saída de Mino Carta da revista, no final de 1975, uma exigência das autoridades governamentais à Editora Abril como condição para o fim da censura prévia [14].

Também estavam relacionados a períodos em que a revista defendia mais incisivamente a abertura democrática e a normalização da situação institucional do país. Segundo Abreu (1996: 07), neste momento, a revista:

(...) deixou de informar os fatos e os acontecimentos mais importantes do período. Só como exemplo, podemos apontar a ausência de notícias sobre um dos maiores momentos de confronto entre os grupos mais radicais – a crise político-militar que levou à demissão do comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo. Não há nenhuma notícia sobre a morte do jornalista do Vladimir Herzog sob a tortura, em 25 de Outubro de 1975, nem do operário Manuel Fiel Filho, em janeiro de 1976.

O número de revista de 28 de janeiro de 1976 relata a troca de comandante do II Exército, a posse de Dilermando Monteiro, sem que haja uma única referência às causas dessa alteração. Esse acontecimento foi noticiado amplamente pela imprensa, salvo alguns jornais e revistas que continuavam submetidos pela censura, como era o caso de Veja.

Esses problemas se refletem no rareamento das matérias publicadas que citavam a palavra censura durante esse período.

Nestes anos, a revista publicou 147 textos que citavam a palavra “censura” em 128 edições, sendo que 37,4% deles versavam sobre a censura à imprensa (36% deles sobre a imprensa nacional e 64% sobre a imprensa internacional), 18% sobre a censura de um modo geral e 44,6% sobre a censura a produções artísticas [15].

Esse período é marcado por pequenas ofensivas e recuos diante da temática da censura, consolidando, de certa forma, a postura conciliadora de Veja. Em curtos intervalos, podemos encontrar tanto matérias que criticam fortemente a censura e utilizam termos fortes como “mutilados pela censura” (VEJA, 10/04/1974), quanto matérias que adotam uma postura mais conciliadora.

No primeiro caso, é bastante interessante a resposta que a redação dá a uma carta enviada por um leitor que colocava, a respeito de uma afirmação feita por um entrevistado da revista, que “tal nota deveria ter passado por uma censura prévia de um revisor ou redator com o bom senso de cortá-la”. A resposta da redação é a seguinte: “o entrevistado estava exercendo seu inocente direito à livre expressão – mercadoria raríssima que Veja faz questão de preservar todas as vezes em que isso é materialmente possível. Censura, interna ou não, é sempre ruim”.

No segundo, que diz respeito à adoção de uma política conciliatória, isso se reflete a partir de certa neutralidade no tratamento dos assuntos da censura e do uso de um tom de leve apoio, no começo de 1975, à criação de um Conselho Superior de Censura.

De um modo geral, durante esse período, a revista também dedica bastante espaço àqueles que criticam a censura. Isso corresponde a 28% dos textos publicados, contra apenas 5 matérias (3,4%) de personalidades que se manifestam positivamente em relação à censura.

2. Considerações Finais:

A transformação da temática da censura em pautas de reportagens pela revista Veja está intimamente relacionada com o momento histórico em que esta se insere. Equilibrando-se entre uma crítica explícita e uma postura conciliatória com o governo, podemos encontrar diversas estratégias utilizadas e até mesmo alguns posicionamentos contraditórios em relação ao tema.

Muitas vezes combatida (seja através das falas da própria revista, em períodos de maior abertura, seja através das falas dos entrevistados, em momentos mais sombrios), algumas vezes justificada, as representações da censura em Veja também dizem respeito à adoção de uma política editorial específica, que defendia uma abertura democrática, desde que feita em termos estritamente conservadores e institucionais. É essa postura mais geral que conecta as diversas representações que foram feitas do processo censório no período estudado.

Não podemos nos esquecer, contudo, que como bem coloca Orlandi (2007: 108), “sob um governo ditatorial que impõe a censura, proibindo assim a circulação de certos sentidos, os autores exercem a resistência dizendo o ‘mesmo’ (o que é permitido), para dizer, no entanto, efetivamente ‘outra’ coisa (o que é proibido)”.

Neste sentido, mesmo nos momentos em que a revista adotou uma posição neutra em relação à censura, essa constante remissão ao processo censório possuía uma função nada desprezível: ela lembrava, a todo o momento, que a censura existia.

Se “o brasileiro, por ter a censura explícita na sua história política, relaciona-se com o discurso político através dessa memória”, de forma que “a censura ‘conta’ na relação do brasileiro com o político” (ORLANDI, 2007: 128), a simples menção da censura já aciona, portanto, um conjunto de significados estabelecidos (sejam positivos ou negativos), sem que isso precise ser esmiuçado pela revista.

Isso é ainda mais significativo se observarmos uma curiosa carta de um leitor que foi publicada por Veja na edição dia 22 de Março de 1972, que dizia o seguinte acerca de um programa popular de televisão: “assisti a reprise por sugestão de amigos. Francamente não creio que a censura teria deixado ir ao ar um programa tão forçado, tão vazio, tão impróprio, se houvesse censura aos programas de televisão no Brasil. O mínimo que a censura teria exigido seria a comprovação das afirmações gratuitas”.

A insistência em mostrar a censura nas reportagens era uma forma de acionar, o tempo todo, essa memória política que conecta o brasileiro com a censura e, de uma forma geral, lembrar que os seus efeitos eram bastante prejudiciais para artistas, jornalistas, músicos, cineastas e outros produtores culturais.

Essa crítica contra a censura, como procuramos mostrar ao longo deste trabalho, foi delineada a partir de diferentes estratégias e, a partir de avanços e recuos, teve sempre como pano de fundo uma clara política conciliadora.

Mesmo que nem todos os tipos de censura fossem valorados da mesma forma, ou mesmo que, por vezes, a revista adotasse um tom um tanto neutro ou contraditório a respeito desse assunto, a insistente tentativa de mostrar que existia sim a censura no Brasil estava de acordo com os preceitos que regem a imprensa e a sua busca pela liberdade de expressão, tão apreciados quanto raros em diversos veículos noticiosos deste momento histórico no país.

NOTAS

[1] Este trabalho foi apresentado no Seminário Comunicação e Censura, organizado pelo Arquivo Miroel Silveira, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em Agosto de 2010.

[2] Este cargo foi extinto em Julho de 1969 pelo Artigo 32 do Decreto-lei no 52213.

[3] O detalhamento da representação da censura em Veja nesses anos é o seguinte: Teatro Nacional (15,2%); Imprensa Nacional (14,7%); Imprensa Internacional (14,7%); Televisão Nacional (12,7%); Geral Nacional (9,8%); Geral Internacional (6,8%); Cinema Nacional (6,7%); Música Nacional (5,6%); Cinema Internacional (4%); Literatura Internacional (3,2%); Teatro Internacional (2,5%); Literatura Nacional (2%); Televisão Internacional (0,7%); Artes Plásticas (0,7%); Publicidade (0,3%).

[4] A divisão detalhada da representação da censura em Veja neste período é a seguinte: Imprensa Internacional (32,9%); Teatro Nacional (16,4%); Cinema Nacional (13,9%); Televisão Nacional (12,6%);

[5] Como exemplo, podemos citar uma reportagem que colocava, sobre um programa de humor televisivo, que “ele diz um único palavrão no show, numa prova de que a televisão tem condições de produzir bons programas sem problemas com a censura” (VEJA, 10/10/1969) ou, ainda, a respeito da censura a um festival de filmes em Brasília, ao afirmar que “alguns filmes escolheram deliberadamente o caminho da desordem” (VEJA, 26/11/1969).

[6] Uma reportagem interessante, neste sentido, criticava a censura à imprensa portuguesa nos seguintes termos: ao falar que o ex-ministro de Portugal, Antonio de Oliveira Salazar, frequentemente consultava o horóscopo, “na segunda semana de Abril, a sempre vigilante censura de Lisboa, a cargo de um grupo de oficiais da reserva, suspendeu por 72 horas a circulação de um dos grandes matutinos da cidade, que prognosticava em sua seção de horóscopos uma semana dramática para os nascidos em Escorpião. A publicação só foi liberada depois que os diligentes censores foram avisados de que Salazar era de Touro, e não de Escorpião como eles imaginavam” (VEJA, 04/06/1969). A censura salazarista à imprensa foi tema de oito reportagens neste período (o que corresponde a quase 31% das matérias sobre censura à imprensa internacional.

[7] Na edição do dia 13 de Maio de 1970, por exemplo, o editorial compara a censura à imprensa brasileira com os tempos do nazifascismo: “no vigésimo quinto aniversário da derrota do nazifascismo, um rotineiro parecer da Câmara dos Deputados, em Brasília, coloca nas primeiras páginas dos jornais o ‘chefe’ do integralismo brasileiro (...). E ás suas visões, habitadas por fantásticas cortes de legionários de uma ideologia totalitária que ele procura remendar e atualizar para oferecer justificativas, de saída, à censura da imprensa, grande inimiga de grande vítima de Hitler e de Mussolini” (VEJA, 13/05/1970).

[8] A matéria se refere ao texto “Cântico dos Cânticos”, do Rei Salomão.

[9] O detalhamento da representação da censura em Veja neste período é o seguinte: Geral Nacional (34,2%); Televisão Nacional (13,7%); Imprensa Internacional (10,9%); Geral Internacional (10,9%); Imprensa Nacional (6,8%); Teatro Nacional (6,8%); Cinema Nacional (6,8%); Música Nacional (2,7%); Literatura Nacional (2,7%); Cinema Internacional (1,3%); Televisão Internacional (1,3%); Artes Plásticas (1,3%).

[10] No editorial da edição de 12 de Janeiro de 1972, por exemplo, a revista coloca que “VEJA não acha que seja da competência de qualquer ministério orientar culturalmente televisões particulares. E a constatação: não há na história próxima ou remota um único episódio capaz de provar que a censura contribuiu para a elevação cultural de quem quer que seja, censurado ou censor” (VEJA, 12/01/1972). Ou, ainda, na edição de 15 de Novembro de 1972 em que, em uma matéria sobre cinema, o repórter coloca que “para alguns críticos, essa imposição é coerente com algumas determinações da censura, que aprova a pornografia pura e simples e veta a que possa eventualmente carregar algum outro significado” (VEJA, 15/11/1972).

[11] O detalhamento deste período é o seguinte: Televisão Nacional (20,7%); Teatro Nacional (19,3%); Imprensa Internacional (10,7%); Geral Nacional (10%); Imprensa Nacional (8,5%); Música Nacional (7,8%); Geral Internacional (6,4%); Literatura Internacional (5%); Cinema Nacional (4,2%); Literatura Nacional (1,4%); Artes Plásticas (1,4%); Teatro Internacional (0,7%); Publicidade (0,7%).

[12] Em uma matéria sobre o jornal Opinião, por exemplo, Veja coloca que “com sua censura tornada legal e colocada fora do alcance da justiça, tudo indica que está longe o dia em que os diretores do semanário começarão a se preocupar com o excesso de publicidade. Mas seu recurso à Justiça teve o mérito de pelo menos esclarecer uma situação: é necessária ordem pessoal e escrita do presidente da República para que os jornais deixem de publicar determinadas notícias, como vinha ocorrendo nos últimos meses, a respeito da então já sabida próxima indicação do general Ernesto Geisel como candidato à sucessão do general Emílio Garrastazu Medici” (VEJA, 27/06/1973).

[13] Detalhamento do período: Teatro Nacional (17,8%); Imprensa Nacional (16%); Televisão Nacional (13,4%); Cinema Nacional (11,6%); Imprensa Internacional (8,9%); Música Nacional (8,9%); Geral Nacional (5,3%); Cinema Internacional (4,4%); Literatura Nacional (4,4%); Literatura Internacional (3,5%); Geral Internacional (2,6%); Teatro Internacional (0,9%); Artes Plásticas (0,9%).

[14] Essa informação foi obtida pela pesquisadora Maria Alice Carnevalli (2003), em um depoimento que o próprio Mino Carta lhe concedeu. Segundo o jornalista, “chegou-se a uma situação explícita de censura, exercida primeiro na redação por militares com os quais o diálogo era estranhamente mais fácil do que com os censores civis, talvez porque eles se sentissem mais seguros, mais à vontade, mas as coisas foram piorando até que se chegou numa censura forte, e isso durou até minha saída, oficialmente no dia 17 de Fevereiro de 1976. Posso contar aos meus netos que saí da redação de Veja porque minha cabeça foi exigida pelo Ministro Falcão para retirar a censura sobre a revista” (CARNEVALLI, 2003: 68). A autora acrescenta que, de fato, poucos meses depois uma ligação da polícia federal informou aos editores que não era mais necessário lhes enviar os originais da matéria.

[15] Detalhamento do período: Imprensa Internacional (23,8%); Teatro Nacional (14,2%); Imprensa Nacional (13,6%); Geral Internacional (12,2%); Televisão Nacional (8,1%); Geral Nacional (6,1%); Cinema Nacional (5,4%); Cinema Internacional (5,4%); Música Nacional (4%); Literatura Internacional (4%); Teatro Internacional (1,3%); Televisão Internacional (0,6%); Literatura Nacional (0,6%).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Alzira Alves de. Os anjos e demônios da revista Veja. Um discurso sobre a censura. Texto apresentado ao VII Encontro Regional de História. Rio de Janeiro: ANPUH, 07 a 11 de outubro de 1996.

BARRETO FILHO, Mello. Diversões Públicas: Legislação-Doutrina: Prática Administrativa. A. Coelho Branco Editor: Rio de Janeiro, 1941.

CARNEVALLI, Maria Alice. Indispensável é o leitor: o novo papel das revistas semanais de informação no Brasil. Tese de doutorado apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo: ECA-USP, 2003.

GAZZOTTI, Juliana. Imprensa e Ditadura: a revista Veja e os governos militares (1968-1985). Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal de São Carlos. São Carlos: UFSCAR, 1998.

GAZZOTTI, Juliana. A Revista Veja e o Obstáculo da Censura. Revista Olhar. Ano 03, número 5-6, janeiro-dezembro de 2001.

KUSHNIR, Beatriz. Cães de Guarda: jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1988. São Paulo: Boitempo: 2004.

ORLANDI, Eni Puccinelli. As Formas do Silêncio: no movimento dos sentidos. São Paulo, Editora da Unicamp, 2007.

TEZINI, Juliana Caetano Vaccari. O movimento estudantil em 1977 e a atuação política da revista Veja. Tempos Históricos. Volume 10, número 01. Paraná: Onioeste, 2007.

VEJA. Carta ao Leitor. Veja.Número 405, de 09/06/1976. São Paulo: Editora Abril, 1976, p. 3.

*Eliza Bachega Casadei é doutoranda em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

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Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro | ISSN 1806-2776 | Edição 14 | Novembro | 2011
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