Opinião
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Estágio
no jornalismo
é justo ou não?
Por
Bruna Moreschi
O
estágio para quem estuda jornalismo é proibido
por lei,
o que limita e dificulta o aprendizado acadêmico
Muitos
profissionais que hoje são jornalistas começaram
a trabalhar em redações servindo café,
como office-boys, ou exercendo pequenas tarefas. Assim, para
serem reconhecidos depois de anos de trabalho, foram provisionados
pela regulamentação de 1979, por meio do decreto
nº 832.84 da Lei 6612-78, sem ter o diploma. Depois da
regulamentação, outras medidas trabalhistas e
legais foram criadas, uma das quais extinguiu o estágio
para o estudante de jornalismo. A falta do estágio acaba
dificultando a busca de emprego para o recém formado,
pois, são cobrados de qualquer profissional experiência
e capacitação.
Segundo
artigo de Valci Zuculoto, encontrado no site da Fenaj (Federação
Nacional dos Jornalistas), em www.fenaj.org.br,
o estágio acadêmico deveria ser permitido. Nesse
artigo ela defende vários pontos do porquê é
necessário. A manutenção dos laboratórios
das instituições é um desses pontos que
não pode ser esquecido. Até porque a atitude das
instituições deveria servir de contrapartida para
os problemas da inexistência de estágio.
Criar
imprensa escola para inserir o estudante de jornalismo
seria uma alternativa, embora não se tenha conhecimento
dessa idéia e prática em nenhuma instituição.
Muitas
instituições que possuem curso de jornalismo não
oferecem estabilidade aos alunos, seja pelo constante remanejamento
do corpo docente ou pela falta de investimento ou, ainda, de
manutenção adequada dos laboratórios. Também
a falta de iniciativa dos professores e dos próprios
acadêmicos se dá porque ambos se sentem desmotivados,
muitas vezes pelos problemas internos.
A
criação de um ambiente como a imprensa escola
permitiria com mais facilidade a supervisão, pelos professores,
e a possibilidade de interligar essa idéia como forma
de estágio interno, ou como projeto de extensão.
O acadêmico realizaria essa experiência fora do
horário curricular, nos laboratórios da própria
instituição. Até porque, não adianta
uma faculdade ter concessão, de rádio ou de TV,
e não ativá-la, ou a instituição
produzir um jornal interno e não contar com os acadêmicos
de jornalismo para produção desse e de outros
veículos.
Mesmo
com a idéia de estágio interno, não se
exclui a defesa do estágio fora da instituição,
pois o ambiente acadêmico diferencia-se da realidade de
uma redação, assessoria ou outro veículo
de imprensa. Com a possibilidade de estagiar em um veículo
externo o estudante tem a oportunidade de aprender com a observação
da vivência do cotidiano da profissão. O que vem
sendo questionado com relação ao estudante estagiar
em empresas é a exploração de mão-de-obra
barata por parte dos donos dos veículos de imprensa.
Este é um dos principais motivos para a proibição
de se estagiar na área.
Essa
atitude das empresas desvaloriza o profissional diplomado, muitas
vezes excluindo-o do mercado. Isso não prejudica somente
os diplomados, a repercussão dessa atitude
atinge também os próprios estudantes que entrarão
no mercado.
É
ingenuidade acreditar que de um momento para outro todas essas
situações serão resolvidas, até
porque nem o diploma, que certifica o profissional, no caso
o jornalista, está sendo exigido neste momento. O que
ainda contribui para que nenhum picareta se torne
jornalista da noite para o dia é a atitude do Ministério
do Trabalho.
Segundo
informações fornecidas por Joelci Dannacena, atendente
administrativa da Subdelegacia Regional do Trabalho de Maringá,
o ministério requer alguns comprovantes (atestado do
sindicato de jornalista, publicações, entre outros)
para só então autorizar o registro a quem não
tem diploma, o que demanda tempo.
O
espaço para os estagiários existe, mesmo que em
tarefas simples, não necessariamente servindo cafezinho,
como começaram os profissionais que estão há
mais tempo no mercado, ou com a idéia de imprensa
escola. Justo é o estudante ter a oportunidade
de estagiar. Por isso, o dever de unir-se com responsabilidade
de mudança não compete somente aos estudantes,
mas também aos profissionais da área.
Além
da luta contra a desordem na legislação, é
essencial a atuação efetiva dos sindicatos para
proteger e apoiar quem está aprendendo, seja na universidade,
ou com a experiência dos anos, a valorizar a profissão
que tem. Com isso podemos conscientizar sobre o que é
justo ou não. Não para uma parcela pequena (estagiários),
mas para dar segurança e estabilidade a todos os profissionais
da área.
Fonte: Jornal Matéria Prima
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