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Qualidade
no ensino de jornalismo
Por
Hélio A. Schuch*
Este
trabalho tem como objetivo a análise do ensino de jornalismo
através do enfoque de qualidade. Inicialmente são
apresentadas as razões deste novo enfoque. Em seguida
são discutidos os fatores internos e externos que contribuem
para a avaliação da formação dos
graduandos e uma nova estrutura de curso é proposta.
INTRODUÇÃO
A
exigência do mercado de trabalho, cada vez mais competitivo,
e o recente desenvolvimento das tecnologias de informação,
colocam novos desafios ao profissional de jornalismo e às
instituições de ensino, que devem acompanhar e
adequar o ensino ao jornalista formado.
O
emprego cada vez mais intenso da informática, a rapidez
na obtenção e difusão de informações,
a qualidade exigida de qualquer trabalho nesta área e
a competição entre veículos jornalísticos
impõem uma nova qualidade1 ao ensino de jornalismo, através
do desenvolvimento e implementação de novas metodologias
de ensino de graduação. Ao mesmo tempo, o novo
mercado de trabalho exige profissionais com sólidos conhecimentos
em informática, capacidade de inovação,
flexibilidade para atuar nos diversos segmentos do jornalismo
(mídias impressas e eletrônicas), além da
formação em outros conteúdos necessários
e convergentes para a atividade jornalística.
Portanto,
os cursos de jornalismo devem adaptar suas metodologias de ensino,
em termos de recursos-humanos e infra-estrutura, para atender
a este novo graduando. Neste contexto, surge a necessidade de
modernizar o ensino de jornalismo num enfoque de qualidade,
através de uma revisão do conteúdo programático
das disciplinas e das técnicas de ensino.
A
revisão dos conteúdos é importante não
só para atualizar as disciplinas, mas principalmente
para integrá-las entre si, desde a primeira até
a última fase do curso. Explica-se: "modernizar
as disciplinas" não significa mudar títulos
e ementas que, na maioria das vezes, continuam a oferecer os
mesmos conteúdos. É, sim, tornar as disciplinas
contemporâneas do próprio tempo. Integração,
por outro lado, não significa a ligação
feita somente através de pré-requisitos, mas o
encadeamento lógico dos conteúdos, onde cada disciplina
desempenha a função de curso conclusivo e suficiente.
O
aperfeiçoamento das técnicas de ensino dever ser
obtido através de um ambiente computacional que permita
ao aluno melhor visualizar, compreender e exercitar os conceitos
vistos em aulas não técnicas. Dessa forma, os
processos de aprendizagem tradicionais, normalmente descritivos
e com possibilidades restritas de interação, podem
ser transformados em processos que motivem a participação
do aluno, estimulem sua capacidade criativa e mostrem a importância
de aprender continuamente, preparando-o adequadamente para o
mercado de trabalho.
O
diagrama da Figura 1 (Etapas na Reformulação do
Ensino de Jornalismo) apresenta, de forma sucinta, as etapas
na reformulação do atual ensino de jornalismo,
considerando o aprimoramento da qualidade no processo ensino-aprendizagem.
O
presente trabalho busca avaliar a questão da qualidade
nos cursos de jornalismo, com base nos fatores internos e externos
das instituições de ensino, que contribuem para
uma formação adequada à nova realidade.
FATORES
EXTERNOS
A
análise dos fatores externos tem como objetivo investigar
a relação entre os cursos ministrados por instituições
universitárias (públicas) e (privadas), as empresas
jornalísticas e a qualidade no ensino de jornalismo.
As escolas públicas e as escolas privadas atuam no mercado
formador de profissionais de nível superior, porém,
com manutenções diferentes. As primeiras visam
oferecer um serviço, que é o próprio ensino
de graduação, para cumprir sua função
como agente público, proporcionando aos que nelas ingressam
a obtenção da formação superior.
As escolas privadas oferecem o serviço de ensino, cobrando
mensalidades de seus alunos.
O
fator concorrência entre todas as escolas vem se acentuando,
em função dos reflexos de uma economia que opera
de forma competitiva na busca de eficiência. Esta concorrência
ocorre entre escolas públicas, entre escolas privadas
e entre escolas públicas e privadas. A competição
é benéfica no sentido de que pressiona o aumento
da qualidade do ensino, o que significa uma formação
mais eficiente.
Tanto
no primeiro tipo de escola (públicas) quanto no segundo
(privadas), o aluno durante a formação investe
tempo, mas no segundo tipo ele investe também dinheiro.
Tempo e dinheiro são recursos escassos, mas o primeiro
é o recurso mais escasso de uma pessoa, portanto, não
pode apresentar nenhuma forma de desperdício.
As
empresas jornalísticas, por sua vez, visam complementar
a formação dos jornalistas recém-formados
via cursos específicos, de acordo com as metas da empresa,
em termos de participação de mercado, buscando
otimizar a capacidade de trabalho e, consequentemente, maiores
lucros. Neste caso, o jornalista é enquadrado, sob medida,
ao perfil da empresa. Isso tem resultado numa desqualificação
do ensino de graduação em jornalismo, já
que é demonstrado, pela existência destes cursos,
que ele está desfasado das exigências do mercado.
O
fato da existência prévia de um exame de seleção
(ou um vestibular após a formatura) e o cumprimento de
um curso preparatório são um indicativo das falhas
deste ensino. Os cursos das empresas jornalísticas competem
com os cursos universitários na medida em que aqueles
se consolidam, paulatinamente, como padrões de qualidade
para os recém-formados. Assim, a importância de
um diploma universitário é substituída
por um certificado.
Ainda,
com o descompasso do ensino em relação ao mercado,
muitos recém-formados encontram dificuldades de adaptação
aos ambientes de trabalho, o que causa investimento de tempo
(e de dinheiro) na absorção de conhecimentos necessários
para o desempenho profissional.
No
entanto, se a graduação proporcionasse um profissional
realmente voltado ao mercado e com habilidades múltiplas
que lhe permitisse atuação imediata no mercado
de trabalho, tais cursos seriam desnecessários.
O
Quadro 1 resume os fatores externos, suas consequências
e seus resultados.
Quadro
1 Fatores Externos
Fator
externo |
Consequência |
Resultado |
Concorrência
entre escolas |
Aumento
na qualidade de ensino |
Formação
mais eficiente |
Cursos
ministrados por empresas jornalísticas |
Desqualificação
do ensino
universitário de jornalismo |
Diminuição
do valor do diploma |
Pode
ser observado que no ensino atual oferecido por algumas escolas
a ênfase em conteúdos das ciências humanas
e sociais é desconectada dos conteúdos técnicos.
E estes últimos, dentro de alguns cursos de jornalismo,
não estão merecendo a devida atenção
e, quando isso ocorre, o aluno está prestes a concluir
o curso e não há mais tempo para investir em disciplinas
opcionais de cunho técnico.
A
questão da ênfase das ciências humanas e
sociais versus técnica, em função da nova
realidade, produz o longo debate intra e extra-universidade.
Os jornalistas (ex-alunos) só percebem este problema
quando ingressam no mercado de trabalho e não vêem
o tempo investido no estudo de disciplinas humanísticas
e sociais retornando em termos de conhecimento efetivo na produção
de seus trabalhos. Isso ocorre porque este estudo, na maioria
das vezes, está desconectado, "solto", das
necessidades de conhecimento da atividade profissional.
Resumindo:
ou o ensino de jornalismo enquadra-se ao perfil esperado pelo
mercado de trabalho ou ficará à margem deste.
A reformulação da estrutura dos cursos de jornalismo
é inevitável e urgente. E o primeiro passo, sem
dúvida, é fazer da atual "Habilitação
em Jornalismo" um "Curso de Jornalismo", onde
a profissão seja ensinada de forma integral.
O
jornalismo é uma atividade profissional cujo resultado
sempre é um produto e/ou serviço (o que também
ocorre nas profissões localizadas no leque da Comunicação
Social). Não existe jornalismo sem produto e/ou serviço
e disso decorre o fato de que qualquer conteúdo de disciplinas,
técnicas e não técnicas, deve convergir
para o desempenho profissional.
Por
isso, o que deve ocorrer é uma formação
auto-contida, integral2, que resulte, efetivamente, na graduação
de um jornalista apto a trabalhar em todas as mídias
exploradas pela atividade jornalística. E mais: apto
a trabalhar nas várias áreas que envolvem a produção
jornalística de cada mídia. Dessa forma, o currículo
de um curso de jornalismo não deve ser dividido em tronco
comum e parte específica, como tradicionalmente vem ocorrendo,
mas tornar-se um currículo onde cada disciplina esteja
conectada ao enfoque da profissão.
A
concorrência entre cursos universitários é
uma evidência, e tudo indica que se intensificará
cada vez mais. De um lado, existem as classificações
através de uma revista de circulação nacional
e o Exame Nacional de Cursos do MEC (o "provão");
de outro, as perspectivas de classificação de
formandos ou já formados em cursos de empresas jornalísticas
e o efetivo ingresso no mercado de trabalho, seja através
desses cursos, seja por outras oportunidades.
Colocação
no mercado de trabalho é assunto, e preocupação,
de qualquer curso universitário. É um assunto
que deve fazer parte do desenvolvimento de um curso afinal,
os alunos buscam uma profissão na universidade. Ocorre
que esta profissão, estudada enquanto curso universitário,
deve se realizar no mercado de trabalho. Em outras palavras,
se a capacidade profissional é formada ao longo de um
currículo, deve ser colocada em ação após
a conclusão do curso. Por isso, deve haver vinculação
entre o aprendido e o que deve ser executado.
A
diferença competitiva entre escolas se dá de várias
formas, entre as quais o enfoque dos cursos com formação
integral ou não, e cabe ao mercado definir esta competição.
O mercado é o agente determinante desta mudança
de enfoque e, portanto, não cabe mais discutir questões
ideais de como deveria ser o ensino de jornalismo, que tem como
única referência o ideal dos docentes encastelados
em seus objetivos específicos.
FATORES
INTERNOS
A
análise dos fatores internos à instituição
de ensino busca investigar as consequências destes fatores
sobre o ensino de jornalismo. A vinculação entre
o aprendido e a execução em produto e/ou serviço
sempre foi problemática nos Cursos de Comunicação
Social. E existem razões para isso.
Em
primeiro lugar, a divisão do próprio curso num
leque de habilitações que levam a profissões
rigorosamente distintas; em segundo, a divisão na integralização
curricular de cada habilitação em tronco comum
e parte específica, dividindo cada formação
em duas partes (a rigor, o curso, de quatro anos, é dividido
em dois anos para o tronco comum e dois anos para a parte específica);
em terceiro lugar, o fato de as disciplinas que compõem
o tronco comum serem ministradas para todas as habilitações.
Por exemplo, se houver duas habilitações, num
curso, as disciplinas deste tronco comum são ministradas
a todos os alunos, o que significa que um aluno de jornalismo
e um aluno de publicidade e propaganda assistem as mesmas aulas
e prestam provas sobre o mesmo conteúdo durante dois
anos.
Observa-se,
assim, a falta de foco na profissão escolhida durante
o desenvolvimento do tronco comum e a sua existência somente
no início da parte específica. Esta situação
fragiliza - em muito - a formação. A premissa
que procura justificar o tronco comum é que o futuro
profissional necessita de conhecimentos das ciências humanas
e sociais para embasar-se teoricamente. Em contraponto à
parte específica técnica -, o tronco comum
proporcionaria os fundamentos teóricos. Mas, genérico,
o tronco comum é uma lista que elenca as mais diversas
disciplinas e que devem servir, em conjunto, às mais
diversas habilitações.
Deve-se
perguntar: qual a eficiência de uma disciplina das ciências
sociais ministrada igualmente para alunos de jornalismo, publicidade
e propaganda, relações públicas, cinema,
radialismo, produção editorial? O que haveria
de comum nesta disciplina que serviria, profissionalmente, para
os graduados em cada uma destas profissões? Para a eficiência
desta disciplina, existe apenas uma condição:
enfoque na atividade profissional.
O
Quadro 2 resume os fatores internos, suas consequências
e seus resultados.
Quadro
2 Fatores Internos
Fator
Interno |
Consequência |
Resultado |
Múltiplas
habilitações |
Profissões
distintas |
Formação
frágil |
Tronco
comum e parte específica |
Formação
em duas partes |
Idem |
Tronco
comum |
Ministrado
para todas as habilitações |
Idem |
No
entanto, no jornalismo, pela sua própria especialização,
dinamizada pelo surgimento de novas mídias e pelo mercado,
há demanda de conhecimentos específicos da atividade
jornalística. O graduado deve ser capaz de desempenhar
funções profissionais em mídias tradicionais
como jornais, revistas, agências de notícias e
emissoras de rádio e televisão de sinal aberto,
e no conjunto de serviços possibilitado pela Internet,
que mostra algumas mídias já tradicionais e outras
emergentes.
Outras
mídias, como televisão por assinatura, bancos
de imagens, produtoras de vídeo, empresas de clipping
(impressos e eletrônicos), bancos de informação
especializada, assessoria de imprensa, são também
mercado de trabalho. Neste ambiente, o jornalista formado também
deve ser capaz de executar funções relacionadas
ao negócio da mídia que, pela sua dinamicidade,
cria constantemente necessidades de trabalho. O jornalista,
enfim, deve ser um profissional competente para todas as atividades
jornalísticas, ou, em outras palavras, para o ramo de
produção jornalística. E isso significa,
igual a qualquer outro profissional de nível superior,
ser, de fato, aquele que tem competência para atuar na
sua área de atuação. Para isso, há
necessidade de disciplinas não técnicas e técnicas.
Desta
forma, há vantagens competitivas para o graduado numa
formação auto-contida, plena, que inicie já
no primeiro semestre. Isto porque há otimização
do tempo (e dinheiro) investido na formação e
enfoque imediato na profissão. O resultado é a
melhoria significativa da capacitação profissional.
Uma qualificação que implica agregar as mudanças
do mercado. E aqui, o decisivo é aprender, de fato, o
que define a profissão na atualidade, que não
é nada mais que a integração de disciplinas
técnicas e não técnicas numa mesma convergência:
a atividade jornalística. Dentro de um ambiente de concorrência
e dinamização dos veículos e produtos jornalísticos,
mudou, assim, a qualificação necessária
do graduado em jornalismo.
Nesse
sentido, os professores, como recursos humanos, devem ser aptos
a um desempenho capaz de enfocar conteúdos para a profissão
de jornalista num cenário extremamente dinâmico,
e não mais estático, como ocorria até pouco
tempo. Este enfoque, ainda, torna-se uma sistemática
quando elimina-se os dois troncos (comum e específico),
que formaram dois grupos antagônicos de professores dentro
dos cursos, os "teóricos" e os "práticos",
emperrando o desenvolvimento do ensino de jornalismo. Por isso,
é fundamental, na questão da qualidade, a convergência,
ou, no caso analisado, foco na profissão jornalística,
que, obviamente, deve ser a missão de um curso universitário.
Como diz Barçante (1998:139),
"O
sucesso de um esforço coordenado, (...), começa
com uma missão claramente definida. Esta visa a orientar
os esforços de todos para uma mesma direção,
de tal forma que, ao se desenvolver um projeto ou mesmo executar
uma atividade, ninguém perca de vista a direção,
o alvo a ser atingido".
Para
intensificar o foco na profissão, e, consequentemente,
melhorar a qualidade do ensino, exige-se revisão, criação
e eliminação rápida de disciplinas. Estes
momentos são estratégicos, já que permitem
acompanhar pari passu as necessidades profissionais no mercado
de trabalho. Assim, um currículo deve ser flexível.
A flexibilidade de um currículo implica na absorção
ágil das necessidades profissionais e sua transformação
num plano de estudos. O dinamismo curricular, portanto, é
um diferencial extremamente importante de atualização
do ensino praticado.
A
análise dos fatores internos e externos permite a comparação
entre a estrutura tradicional e a proposta para o Curso de Jornalismo,
conforme mostra o Quadro 3.
Quadro
3 Comparação Entre Estruturas
ASPECTOS |
Estrutura
TRADICIONAL |
Estrutura
PROPOSTA |
Curso |
Comunicação
Social/Habilitação Jornalismo |
Jornalismo |
Enfoque
|
Múltiplas
habilitações |
Curso
pleno |
Disciplinas |
Não
técnicas desvinculadas das técnicas |
Não
técnicas vinculadas as técnicas |
Técnicas
de Ensino |
Uso
restrito de informática |
Uso
amplo de informática |
Formação |
Dispersa
e não plena |
Auto-contida
e plena |
Resultado |
Falta
de foco na profissão |
Formação
específica adaptada conforme o cenário em
vigor |
A
implementação da estrutura proposta exige esforços
desde a administração das instituições,
no que se refere à infra-estrutura e treinamento do corpo
docente. Também depende da visão do corpo docente
no entendimento do novo perfil de jornalistas e no preparo de
disciplinas a serem ministradas de acordo com o enfoque voltado
à qualidade - este, que agregue valor aos cursos de jornalismo
e a seus alunos.
CONCLUSÕES
A
discussão realizada neste trabalho procurou relacionar
os principais fatores internos e externos que têm reflexos
na formação de jornalistas e na qualidade destes
profissionais oriundos dos Cursos de Jornalismo.
Entende-se
que a nova realidade do mercado de trabalho, que tem implicações
diretas no ensino de jornalismo, sugere um novo paradigma na
formação dos graduandos, que é a qualidade.
Esse novo enfoque permite ao futuro profissional uma formação
flexível e adequada para um mercado de trabalho em permanente
mudança, cuja tendência é ser cada vez mais
dinâmico, em função dos avanços na
área de informática, da competição
entre veículos jornalísticos e do surgimento de
novas mídias.
Habilitar
um graduando para um cenário deste tipo, e para obtenção
da meta estabelecida, exige uma reformulação da
atual estrutura do curso, partindo-se da especificidade na formação,
seguida por mudanças metodológicas no ensino propriamente
dito.
REFERÊNCIAS
[1]
BARÇANTE, L.C. Qualidade Total Uma Visão
Brasileira: O Impacto Estratégico na Universidade e na
Empresa. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1998.
[2)
JURAN, J. M. Juran na Liderança pela Qualidade. São
Paulo, Livraria Pioneira Editora, 1995
[3]
PALADINI, Edson Pacheco. Controle de Qualidade. São Paulo,
Editora Atlas, 1990
[4]
PALADINI, Edson Pacheco. Qualidade Total na Prática.
São Paulo, Editora Atlas, 1997.
NOTAS
1)
Sobre qualidade, vide Juran (1995), Paladini (1990 e 1997)
2)
Em março de 1998 abordamos o assunto no texto que segue,
e que foi difundido através da página do Curso
de Jornalismo da UFSC ( http://www.jornalismo.ufsc.br/ ).
Sobre
a necessidade de um novo currículo
O
ambiente atual para o jornalismo mostra em seu ponto central
forte competição entre os veículos. Não
poderia ser diferente, já que a economia, nacional e
mundial, dinamiza, cada vez mais, a concorrência entre
os agentes econômicos. E os veículos jornalísticos
são também agentes econômicos.
Esta
situação tem implicações: em primeiro
lugar, a afirmação da concepção
de qualidade, já que é essa característica
nos produtos e serviços jornalísticos que sustentará
a disputa de audiência e clientes; em segundo lugar, a
necessidade de qualificação, de forma continuada,
dos jornalistas; em terceiro, a exigência de uma mudança
significativa do currículo dos cursos de jornalismo.
Coagidos
pelo mercado, os veículos jornalísticos montam
estratégias de ação, no sentido da sobrevivência
e expansão das empresas. Ao mesmo tempo, os sindicatos
da categoria mostram-se sensíveis a este tempo de competição
e montam cursos de atualização profissional. Resta
o trabalho que deve ser feito, com extrema urgência, de
uma reforma curricular.
Qual
seria a idéia-chave de uma reforma do currículo
dos cursos de jornalismo? Sem dúvida, que o jornalista
deve ser um profissional especializado em jornalismo. E isso
significa uma formação intensiva, auto-contida,
onde todos os conteúdos e formas jornalísticos
estejam contemplados na grade curricular. A graduação
em jornalismo, vista desta maneira, deve ter como sinalização
a dinâmica da atividade jornalística em seu mercado
de atuação. Ao mesmo tempo que, na pesquisa, deve-se
ter um trabalho dirigido à inovação e aumento
da qualidade de produtos e serviços jornalísticos.
Portanto,
pensa-se numa formação em sintonia com a dinâmica
do mercado e suficiente para propor avanços em produtos
e serviços. Para isso, enfatize-se, deve ocorrer uma
mudança curricular onde conteúdos modernos da
gestão empresarial jornalística sejam incorporados
e estudados pelos estudantes. Afinal, uma formação
universitária não é nada mais nada menos
do que a capacitação profissional plena para determinada
área de trabalho, e, assim, um bacharel em jornalismo
deve ser capaz de atuar nas diversas esferas de decisão
jornalística de um veículo. E nestas esferas,
os conceitos derivados do mercado de concorrência devem
ser amalgamados com os conceitos convencionais do jornalismo.
Se
a atividade jornalística movimenta-se rapidamente, é
preciso que os cursos incorporem esses movimentos em seus currículos.
Isso não é mais uma tendência, é
um imperativo profissional.
*
Hélio Ademar Schuch e D.Sc. Ciências, concentração
em Jornalismo e Editoração (Universidade de São
Paulo -ECA-, 1994). Professor com dedicação exclusiva
no Departamento de Comunicação, Curso de Jornalismo,
da Universidade Federal de Santa Catarina. Ex-Coordenador, e
atual Presidente do Colegiado de Curso e Chefe do Departamento
de Comunicação da UFSC. Atual membro da Comissão
de Especialistas de Ensino de Jornalismo, proposta pela SESu/MEC.
(Áreas de interesse: Jornalismo nos Jogos Econômicos
e Políticos, Comunicação Institucional/Empresarial,
Jornalismo Científico.) Esta es su primera colaboración
para Sala de Prensa.
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