Conversa Com Valéria Bonafé e Natália Francischini

Conversa com Valéria Bonafé e Natália Francischini

Segunda-feira, 6 de dezembro de 2021, 14h
Por videoconferência

1. À escuta de processos de criação musical e sonora, por Valéria Bonafé
2. 'Ruínas de um futuro em desaparecimento': a pandemia e a cena de música experimental, por Natália Francischini

DESCRIÇÃO
1. À escuta de processos de criação musical e sonora, por Valéria Bonafé
Nessa apresentação vou compartilhar um pouco dos meus interesses atuais de pesquisa e relatar o que tenho realizado no âmbito do meu projeto de pós-doutorado (PDJ-CNPq). O projeto tem origem na percepção de uma lacuna expressiva nos discursos, pesquisas e pedagogias no campo da criação musical e sonora em relação ao papel da subjetividade na erupção e condução dos processos criativos e, consequentemente, na constituição das poéticas artísticas. Essa percepção reflete minha experiência como artista, pesquisadora e educadora, e meu incômodo com o silenciamento sistemático de tudo que escapa a uma suposta e falsa objetividade técnico-musical. Como surge um trabalho artístico? De onde vêm nossas ideias musicais e sonoras? Quais são as energias que desencadeiam e movem nossos processos criativos? Como elaboramos nossas poéticas musicais e sonoras? E como nossos processos criativos e nossas poéticas artísticas se constituem em relação à singularidade das nossas experiências? Essas perguntas de caráter mais especulativo se desdobram em questões bastante práticas que enfrentamos cotidianamente não apenas em nossa prática artística, mas também quando atuamos com pesquisa e educação na área de criação: Como falamos sobre nossos próprios processos criativos? Como analisamos um trabalho artístico nosso ou de outra pessoa? Como ensinamos criação musical e sonora? Partindo de uma perspectiva feminista que percebe a experiência vivida e expressa em primeira pessoa como fonte única de conhecimento, tenho conduzido uma investigação sobre processos criativos musicais e sonoros através do compartilhamento de experiências com um grupo de mulheres artistas com quem tenho intimidade. De maneira complementar, tenho também realizado alguns exercícios de autoanálise a partir dos meus próprios processos criativos. Seja na esfera individual ou coletiva, tenho trabalhado com metodologias que me ajudam a observar o que está no entre, ou seja, a rastrear as relações que tanto convergem quanto emergem nos/dos processos criativos e, consequentemente, nos/dos trabalhos artísticos.

2. 'Ruínas de um futuro em desaparecimento': a pandemia e a cena de música experimental, por Natália Francischini
Descrição: Apresentação da dissertação recém depositada. Irei explicar um pouco sobre o trabalho e sobre o processo de realização da pesquisa durante a pandemia. Resumo: A chegada da pandemia do COVID-19 trouxe profundas transformações à cena de música experimental independente na cidade de São Paulo. Durante este período, as redes sociais e tecnologias de streaming ganharam certo protagonismo nos processos de criação artística, nas redes de sociabilidade e nas formas de organização coletiva desta cena. Nesta pesquisa, realizo algumas comparações entre um ‘antes’ e um ‘durante’ a pandemia. Ofereço reflexões sobre a forma como esta comunidade musical adaptou-se (ou não) às novas condições de existência, bem como quais seriam seus possíveis caminhos em uma hipotética condição pós-pandêmica. Como metodologia, inspiro-me na etnografia, fazendo uso da minha experiência como participante da cena, mas, sobretudo, de recursos como entrevistas e observação de espaços de relevância (Ibrasotope, AUTA, Estúdio Mitra, entre outros), séries de apresentações e festivais (Circuito de Improvisação Livre, Ouvidor Experimental, Língua Fora, Frestas Telúricas, entre outros).

Date: 
segunda-feira, Dezembro 6, 2021 - 14:00