A importância do cuidado com a saúde

Por

Especialista aponta a Medicina Preventiva como fator relevante para a qualidade de vida

Outubro de 2011
Por Bruna Romão

Ana Silvia Whitaker Damaso é assistente de direção do Centro de Saúde-Escola do Butantã. Em entrevista ao NJSR, a médica explica a função da medicina preventiva e esclarece dúvidas e tabus que permeiamo assunto.

No que consiste a Medicina
Preventiva?

A Medicina Preventiva nasceu como uma área da medicina: além de cuidar da pessoa, previne-se que ela fique doente. Atualmente, o que temos na área da prevenção é também uma valorização da promoção da qualidade de vida, não tanto vinculada diretamente a uma doença ou outra. É um campo que hoje é conhecido por “saúde coletiva”, que congrega, então, diferentes áreas de conhecimento e profissionais.

Por que muitas pessoas não associam médico à prevenção?
Também o médico não é uma boa associação para a prevenção.A prevenção é o auto- cuidado e as boas condições de vida, políticas públicas para a promoção da saúde. O médico entra como um dos profissionais que ajudam as pessoas nessa promoção e a se tratarem.

Na São Remo, os homens foram os que mais admitiram não realizar acompanhamento. Por que isto acontece?
Porque toda a nossa cultura, em geral, dá o cuidado da saúde e da família para as mulheres. Então, culturalmente, as mulheres ficam incumbidas dessa função. E tambémo corpo da mulher, sua saúde, a gestação, fizeram dela este objeto de maior atenção médica. Atualmente as mulheres também trabalham e temos visto, nos últimos anos, uma porcentagem maior de homens cuidando da saúde. O sistema de saúde tem menos programas, menos experiência em trabalhar com a saúde do homem do que a da mulher. Então é mais recentemente que o Ministério da Saúde, e agora também a prefeitura, está desenvolvendo uma proposta para a saúde do homem.

O exame de próstata ainda é o
grande tabu?

Se o homem começa a ter alteração de jato urinário e/ou dificuldade para urinar são indicações para ir ao médico. Isso indica que a próstata está crescendo e terão que ser feitos exames, que podem ser três: exame de sangue, o toque retal e, quando preciso, o ultrassom. O toque, muitas vezes, é o tabu, mas feito corretamente não é um exame tão complicado.

Algumas mulheres tem restrição a médicos homens. Que atitude pode ser tomada?
Também é uma questão cultural. Muitas mulheres têm restrição ao profissional de saúde masculino. A orientação que nós recebemos, nas faculdades da área de saúde, é oferecer os exames e cuidados que a mulher precisar, feitos por um profissional de saúde formado, especializado nisto, homem ou mulher. Mas se, por acaso, alguém chega com alguma restrição, oferecemos uma alternativa. O importante é a pessoa se sentir confortável para fazer o exame.

O que pode se fazer para conscientizar as pessoas sobre os cuidados com a saúde?
A saúde individual é só uma parte da questão. O resto, e a São Remo é um bom exemplo, são as condições de saneamento, moradia, acesso ao emprego, da escolaridade
(o acesso à escola e o aprendizado). Outras condições que interferem na saúde e na vida.

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