Opinião: Escondido pode?

Por
Wellington Soares

O programa CQC exibiu no dia 28 de março uma entrevista com o deputado Jair Bolsonaro (do Partido Progressista). Ele fez uma série de comentários revelando sua postura de defensor da volta da ditadura militar, racista e homofóbico.
Todos os que acompanharam o programa ou a sua repercussão – o vídeo da entrevista está no YouTube – ficaram indignados. Centenas de pessoas protestaram e fez-se a maior barulheira, principalmente na internet.
Deixando isso um pouco de lado, o galã interpretado por Lázaro Ramos na novela das oito sofre rejeição. Em “Viver a vida”, Taís Araújo deveria ter sido a primeira protagonista negra do horário nobre, mas sua personagem perdeu espaço para a Luciana, de Alinne Moraes, de pele branca e olhos verdes. No programa “Amor&Sexo”, quatro jovens homossexuais disputam no ‘GayMe’ provas como arremesso de bolsa e corridas de salto alto.
Imaginar que um negro não serve para ser protagonista de uma novela ou que um homossexual é capaz de correr de salto alto são demonstrações de preconceito tão grandes quanto as de Bolsonaro no CQC. A diferença está na maneira como ele é mostrado.
O fato é que todas as formas de discriminação só sofrem repressão quando escancaradas. O preconceito quietinho e disfarçado passa em branco. É o jeitinho brasileiro afirmando que ‘escondido pode’.

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