Intolerância ainda provoca discussão

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O comportamento passivo diante desse problema é questionado pelos são remanos

Anaïs Fernandes

Homofobia, racismo, discriminação social. Dentro ou fora da comunidade, moradores do Jardim São Remo acreditam que ainda existe muito preconceito, e não se calam diante disso.
Para os são remanos, o que mais incomoda é a discriminação de quem mora na periferia. Lima reside na São Remo e conta sua experiência: um técnico não foi consertar seu aparelho eletrônico, ainda na garantia, alegando que o cliente vivia em “área de risco”. Para Carlos Alberto Caetano, outro morador da comunidade, o maior problema está na hora de conseguir um emprego: “Tem firma que vê o bairro em que você mora e não te aceita”, explica.
Antonio Sergio, técnico de manutenção da USP, não mora no Jardim São Remo, mas freqüenta a comunidade e diz haver preconceito no campus: “O simples fato de falarem ‘favela’ e não ‘comunidade’ já demonstra discriminação”. O que mais revolta Carlos é a falta de espaço para os são remanos na universidade: “Quem vem de fora tem mais apoio e oportunidades na USP do que nós, que estamos do lado”, reclama.
O Brasil vende a imagem de um país tolerante, onde diferenças convivem em harmonia. Apesar do relato de Lima: “Na minha família tem negros e gays, não tenho preconceito”, não é isso o que se vê em casos como o dos jovens agredidos na Avenida Paulista, por serem homossexuais. Antonio Sergio acredita que, além dos neonazistas, há um grupo de jovens burgueses revoltados que se consideram superiores.
Sobre todas as questões de preconceito discutidas, Carlos Alberto conclui, desesperançoso: “Isso não muda nunca”.

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