Política x Futebol: empate técnico

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Apesar de disputarem a atenção, segundo especialista, Copa não atrapalha eleições políticas

 

Carolina Linhares

Belisa Godoy

Jéssica Stuque

Dora Kramer, jornalista especializada em política, discute os grandes temas que envolverão o brasileiro em 2010: a Copa do Mundo e as eleições.

Comentarista do jornal Estadão, a jornalista fala sobre a mobilização e a projeção do futebol brasileiro, fala sobre a escolha do candidato nas eleições 2010 e sobre o projeto Ficha Limpa.

NJSR: As pessoas estão mais interessadas em política?

Dora Kramer: Eu posso ter algumas suspeitas e alguns indicadores de que sim. Eu vejo que há mais consciência. Quando eu vejo uma mobilização como essa em torno do projeto Ficha Limpa, não posso deixar de concluir que isso é resultado de um interesse pela política. Acho que o setor que tem acesso a mais informação, demonstra mais esse interesse.

NJSR: O que é essencial para a escolha de um candidato?

DK: Não fazer um exame superficial do candidato e não fazer uma escolha corrida. Dedicar algum tempo para examinar o que ele faz e não confiar na opinião dos outros, nem naquele momento da televisão. Olhar o voto como se ele não fosse obrigatório, como se fosse facultativo.

NJSR: A Copa do Mundo vai tirar a atenção dos brasileiros das eleições de 2010?

DK: Acho que não, porque a Copa do Mundo acontece muito antes da eleição. A eleição só vai acontecer dia 3 de outubro e a Copa do Mundo acaba dia 11 de julho. Tem muito tempo entre o fim da Copa e o começo das eleições.

NJSR: A seleção representa  mais o brasileiro do que a figura do presidente?

DK: Eu acho que não. A figura de um presidente da República representa o  brasileiro o tempo inteiro. Já a seleção de futebol representa em momentos específicos. São representações de natureza completamente diferentes.

NJSR: Como as eleições poderiam contribuir para a formação de uma consciência política maior da população?

DK: Se a gente tivesse o voto facultativo, isso seria um bem, porque quando não se tem o voto obrigatório, o político se sente obrigado a conquistar o eleitor a ir à urna. No momento em que ele se sente obrigado a conquistar o eleitor, ele melhora não só o seu desempenho no momento da campanha eleitoral, mas também ao longo do mandato. Passa a ser uma história de mão dupla.

NJSR: Qual a sua opinião sobre o Projeto Ficha Limpa?

DK: Foi um trabalho bem feito. Serve de exemplo de como a participação popular é importante. Achei um momento especialmente rico e bem escolhido.

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