Calote, salário baixo, precariedade: pênalti!

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Abril 2015

Felipe Fabbrini

Distante da realidade de um seleto grupo de atletas privilegiados, a vasta maioria de jogadores espalhados pelo país enfrentam inúmeras dificuldades (decorrentes do falido modelo de gestão do nosso futebol) e batalham pela própria sobrevivência.  Salários baixos, contratos de curtíssima duração, calote dos clubes e condições precárias de alojamento são empecilhos rotineiros na vida de um humilde jogador de futebol.

Dos 20 mil jogadores profissionais que atuam no Brasil, cerca de 16.400 recebem menos de dois salários mínimos e sofrem com a má organização do calendário: 85% das equipes nacionais ficam inativas por pelo menos um semestre, o que resulta em uma dispensa maciça de atletas após o término dos campeonatos estaduais. Apenas aqueles que tiverem seus vínculos contratuais rescindidos antes da data prevista recebem seguro-desemprego.

Como se o longo período de afastamento não bastasse, os atletas ainda sofrem com atrasos salariais e calote dos empregadores, forçando-os a recorrer à justiça, que não age com eficiência. Por vias jurídicas, o tempo médio que um jogador leva para receber é de quatro anos e meio. Muitos sequer recuperam o dinheiro que lhes é devido em função de artimanhas adotadas pelos cartolas. Para evitar encargos trabalhistas, muitos clubes se recusam a assinar a carteira de trabalho, deslocam parte do valor salarial da CLT para “direitos de imagem” e não recolhem INSS e FGTS. Ainda há a clássica intimidação de dirigentes e empresários, que ameaçam acabar com a carreira de quem não seguir “as regras do jogo”.

Movidos pela urgência de sanar as próprias finanças, os boleiros acabam assinando contratos dúbios e potencialmente danosos. Longe de ser prioridade da CBF, a crítica situação do “pé de obra” nacional deposita no Bom Senso FC, movimento liderado por grandes jogadores do futebol brasileiro, sua única esperança de melhora.

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