Beijinho no ombro pro machismo passar longe da São Remo

Por

Bianka Vieira

Edição 02/15

A cantora faz questão de garantir que “se o homem pode, nós podemos também”

A luta das mulheres em função de seu merecido espaço na sociedade pode ser observada na história desde muito antes do movimento de contracultura dos anos 1960. Apesar das diferentes vertentes e reivindicações dentro do movimento feminista, a luta busca, essencialmente, a igualdade entre os gêneros e o fim de um status de dominação enraizado no machismo, onde alguns indivíduos possuem mais privilégios que outros.

Para abordar esse assunto, o NJSR bateu um papo com a cantora ValescaPopozuda. Funkeira e feminista, a cantora foi um grande destaque midiático em 2014 não apenas por seus hits como “Beijinho No Ombro” e “Eu Sou a Diva que Você Quer Copiar”, mas também por sua transformação como artista – diferentemente da ex-vocalista da Gaiola das Popozudas, essa nova Valesca tem trazido à tona debates importantíssimos para o público feminino.

 

(NJSR). O que é ser mulher para você?

Valesca: É ser você mesma independente do que as pessoas pensam ou julgam sobre você!

(NJSR). Você costuma dizer que gosta de cantar sobre a realidade. Afinal, qual a realidade da mulher da periferia?

Valesca: Nossa, ela é julgada abertamente por ser negra, pobre e livre. A realidade muitas vezes é simples e outras complexas, no caso do que eu conheci e conheço são meninas ou mulheres que querem apenas viver e ser felizes.

(NJSR). Como você se aproximou do feminismo? Como esse processo aconteceu e o que mudou na Valesca depois disso?

Valesca:Sempre fui daquelas que puxava mais para o lado da mulher, sempre pensei “se o homem pode, podemos também”. Foi uma coisa que surgiu naturalmente, mudei minha forma de me posicionar sobre o assunto e o tema.

(NJSR). De que forma você entende sua influência e poder de transformação através da música? Há uma preocupação especial quando você vai lançar um single ou sobe no palco?

Valesca:Então, eu, hoje em dia, procuro músicas que me ajudem a compor algo positivo em algumas questões que eu possa defender, o feminismo é uma delas. Quando recebi as músicas”Tá Pra Nascer Homem Que Vai Mandar Em Mim” e “Sou Dessas” me identifiquei 100% e achei que o cenário atual suportaria uma críticamais objetiva.

(NJSR). Muitos cantores de funk retratam a mulher em suas músicas como se ela fosse apenas um objeto sexual e fonte de prazer apenas para o homem. Você identifica, de alguma maneira, o machismo nesse tipo de letra?

Valesca:Identifico, mas hoje estamos devolvendo na mesma moeda, repare nas letras das cantoras que você vai notar um toma lá, dá cá, é aquele famoso “troco”.

Ao fim da entrevista, Valesca ainda deixou uma mensagem de empoderamento para as sãorremanas “Não se subestimem a nada: o que um pode, todas nós podemos. A união faz a força e a diferença; erga a cabeça, respire fundo e vá em frente”.

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