Quando cinema e periferia se encontram

Por

Todo mundo gosta de ver filmes, principalmente aqueles com os quais se identifica. Nas últimas décadas, o cinema brasileiro vem crescendo. E os filmes brasileiros que ganharam repercussão internacional tiveram uma temática em comum: a periferia urbana.

Mas a abordagem das periferias não é nova no cinema brasileiro. Durante o movimento do Cinema Novo em 1960, a periferia foi um
dos cenários preferidos dos filmes nacionais. Nas décadas de 1970 e 1980, ela foi pouco retratada e só voltou às telas no final da década de 1990. Desde então, inúmeros filmes tentaram mostrar a realidade das periferias urbanas. Mas nem sempre a realidade cinematográfica é a realidade como ela é.

Com foco na violência e no tráfico, sucessos nacionais como Cidade de Deus, Cidade dos Homens e Tropa de Elite desenham a periferia como um ambiente de constante instabilidade e tensão. Estes e outros filmes generalizam as comunidades brasileiras e criam estereótipos e preconceito. A vida dos moradores que não estão envolvidos em conflitos é ignorada, enquanto as cenas de violência, morte e tráfico são supervalorizadas.

Essa abordagem, por enquanto, só é diferente em documentários. Pouco valorizados no Brasil, eles mostram a periferia através de entrevistas e cenas reais do cotidiano. A violência e o tráfico também aparecem, mas o outro lado da vida nas comunidades é igualmente mostrado.

Por isso, o documentário tem o poder de quebrar estereótipos e generalizações. Babilônia 2000, de Eduardo Coutinho, é um exemplo de como há pessoas interessantes e com visões de mundo diferentes em uma comunidade, o contrário do que mostram as grandes produções nacionais.

Paula Lepinski

Comentários encerrados. Comente reportagens recentes.