Diretora do Sintusp esclarece reivindicações

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A USP está em greve desde o dia 27 de maio. Funcionários, professores e estudantes cruzaram os braços. O motivo principal foi a ausência de reajuste no salário. Mas esse não é o único motivo. Para entender melhor o porquê da paralisação dos funcionários, o NJSR entrevistou a diretora do Sintusp (Sindicato dos trabalhadores da USP), Neli Wada.

Ela justificou que a greve busca mais do que o reajuste de cerca de 10%. Existem cinco reivindicações principais: a questão salarial, o financiamento estudantil e dos hospitais universitários, o combate ao assédio moral e a luta por melhores condições de trabalho. Segundo a diretora Neli, “essa pauta unificada foi entregue para o reitor
no início de abril. Mas não tivemos resposta da reitoria”.

Neli diz que Marco Antonio Zago, reitor da USP, não discute a pauta e não concede aumento, por conta da crise financeira que a Universidade enfrenta. No entanto, a diretora do Sintusp crê que a crise acompanha a economia do estado de São Paulo. “As universidades já vivenciaram essa crise. Ela é cíclica. ” O ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), que é o imposto cobrado em compras comuns como de alimentos, água e luz, é a fonte de recursos das universidades paulistas. “Se a economia do estado vai bem, a arrecadação do ICMS é alta. Se vai mal, a arrecadação cai. Hoje ela é insuficiente”.

A USP aumenta seus campi, cria mais cursos, mas a arrecadação não aumenta. “É como a economia doméstica. Se você gasta mais do que ganha, não tem jeito. Quando você vê, está indo à falência”, relata a diretora.

Os trabalhadores reivindicam maior repasse de verbas para as universidades, de forma a garantir a expansão da educação pública gratuita de qualidade. “Queremos 11,6% do ICMS. Hoje recebemos apenas 9,57%. Os reitores propõem ao governo pautas parecidas, mas mantendo os 9,57%”. Para a reitoria, o problema não é a falta de verbas públicas, mas sim os altos salários dos professores. Foi divulgado pela imprensa que os gastos com salários são maiores do que a própria arrecadação. Neli contesta: “Será que os salários são os culpados pela crise, ou ela é causada pela má gestão ao longo dos anos? ”.

Outra exigência é a abertura das contas das universidades estaduais. Apenas os reitores têm acesso a elas. “Se houvesse transparência, saberíamos se a nossa folha de pagamento realmente ultrapassa a arrecadação. O reitor joga a população contra a universidade por meio da grande mídia”.

Letícia Paiva e Matheus Sacramento

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