Respeito ou submissão?

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Moradores relatam casos em que sofreram exploração

O assédio moral é uma prática de exposição a situações humilhantes por repetidas vezes e, no caso do trabalho, ela se dá durante o exercício das funções diárias e, principalmente, em relações hierárquicas autoritárias. Essa conduta, que desestabiliza o empregado, tem o objetivo de forçá-la a desistir do serviço.

Este problema não é novo, mas houve um aumento nos debates sobre o assunto nos últimos anos. Tendo isso em vista, o Notícias do Jardim São Remo procurou saber da experiência dos moradores frente a essa questão, a qual afeta diretamente o cotidiano de muitos deles.

Uma moradora que preferiu não ser identificada declarou que já foi vítima de exploração em seu ambiente de trabalho. “Meu chefe gritava comigo e me dava mais coisas pra fazer”, relata. Segundo ela, muitos colegas também tinham problemas semelhantes e o problema só se resolveu com a saída do seu superior. “É complicado, a gente fica com medo de perder o emprego”, ela completa.

Situações assim são frequentes, pois muitos trabalhadores não conhecem as medidas legais que podem tomar e acabam se submetendo a condições adversas.

Outro problema é o excesso de serviço daqueles que trabalham por conta própria. João Souza Lima, proprietário de uma oficina de metalurgia na comunidade, declara sofrer de bursite, por diariamente precisar carregar peso. Para ele, o maior problema são os ombros, o que acaba por prejudicar o seu rendimento. Autônomo no ramo há dezoito anos, João tem de conciliar sua capacidade física e a demanda de serviço para não sofrer lesões. Porém, justamente por trabalhar sozinho, tal conciliação quase sempre é impossível.

Ao serem questionados a respeito do que poderia ser feito legalmente nesses casos, a maioria dos moradores afirmou não saber exatamente qual rumo tomar. “As pessoas têm medo do que pode acontecer quando enfrentam alguém superior”, afirma outro morador que não quis se identificar. Além de temerem perder seus empregos ou ferirem sua reputação no mercado de trabalho, os moradores consideram o meio jurídico algo confuso e lento.

Lana Ohtani e Matheus Pimentel

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