Alteração de itinerários afeta são remanos

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A retirada do 577T gerou manifestações na Zona Oeste; veja quais linhas da região podem ser alteradas

Ônibus lotados. Longas esperas. Linhas cortadas. Itinerários alterados. É essa a situação atual do transporte público coletivo de São Paulo, e desde agosto de 2013 ela tem piorado. A mando da Prefeitura de São Paulo, a SPTrans (São Paulo Transportes) passou a fazer alterações nos itinerários das linhas de ônibus. As mudanças são feitas com um curto aviso prévio aos usuários. As razões para tais atitudes foram pouco divulgadas.

Questionada pelo Ministério Público Estadual, a SPTrans afirmou que os cortes fazem parte do projeto de reestruturação do transporte público coletivo. Até 2016, está previsto que 400 linhas de ônibus serão alteradas com o objetivo de “melhorar o desempenho operacional do sistema, organizar a circulação nas linhas e contribuir para fluxo e velocidade dos ônibus”. Na prática, as linhas de ônibus sentido centro serão cortadas, e a lotação delas será jogada para o metrô, que já opera superlotado.

As primeiras regiões atingidas pelos cortes foram as Zonas Leste e Oeste de São Paulo. Em ambas, os habitantes saíram prejudicados. “Antes pegava apenas um ônibus (715F/10 Shopping Continental/Lgo. da Pólvora) para levar minha filha ao Hospital das Clínicas. Agora, tenho que pegar dois: um até a Avenida Corifeu de Azevedo Marques e um de lá para o hospital” disse uma moradora da São Remo, que não quis se identificar.

Manifestações contra os cortes já ocorreram nas regiões do Butantã e de São Mateus. Os moradores da Vila Gomes, na Zona Oeste, fizeram cinco atos na Avenida Corifeu de Azevedo Marques pela volta do ônibus 577T, o “azulzinho”. Entre os manifestantes misturavam-se tanto jovens quanto idosos. Em entrevista para o NJSR, Pedro Pinheiro, aluno da FFLCH e fundador do Movimento Volta Azulzinho, disse que as mudanças feitas pela SPTrans são questionáveis. “O ‘azulzinho’ passava por vários hospitais. Ele excedia a função de apenas levar até uma estação de metrô próxima”, disse ele. Pedro ainda afirma que há interesses políticos e econômicos envolvidos no projeto de reestruturação das linhas. No início de maio, o movimento triunfou, e a SPTrans propôs uma linha para atender o trajeto entre a Vila Gomes e a estação Trianon-MASP, na Avenida Paulista.

O MPL (Movimento Passe Livre) lidera os atos de todas as regiões de São Paulo contra as alterações nas linhas de ônibus urbanos. Eles possuem páginas na Internet (http://saopaulo.mpl.org.br/) e no Facebook (https://www.facebook.com/MovimentoPasseLivrempl?fref=ts), as quais informam sobre as determinações e novidades da SPTrans e as últimas medidas tomadas pelo MPL. As vitórias dos movimentos, ainda que parciais, são importantes na medida em que mostram que atitudes são capazes de mudar o cotidiano. Apenas reclamações, não.

Paula Lepinski

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