Abusos nos transportes

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São Remo também reprova os casos de estupro no metrô

Os recentes casos de abuso sexual no transporte coletivo paulistano foram divulgados por vários meios de comunicação. Durante o mês de março, três homens foram presos por tentativa de estupro e abuso de mulheres. Esses episódios foram apenas alguns dos 22 registrados nas linhas de metrô e trem em São Paulo ao longo dos três primeiros meses do ano.

A onda de notícias levantou diversas dúvidas e opiniões: a culpa é de quem? Será que é da mulher, ao usar roupas curtas? Como denunciar os estupradores? É melhor separar mulheres e homens através dos vagões exclusivos?

O assunto gerou diversas reações. No início de abril, um grupo feminista distribuiu alfinetes para as mulheres na estação Capão Redondo, junto com a frase “não me encoxa que não te furo”. Além disso, a jornalista Nana Queiroz começou o movimento “Eu não mereço ser estuprada” (veja entrevista na página 3).

Uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que 26% dos entrevistados concordam com a afirmação: “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Para Maria Auxiliadora, moradora da São Remo, não tem a ver com roupa curta: o que deveria haver é uma lei rígida e mais respeito. “A mulher tem o direito de andar como ela quiser”disse a vendedora Ingrid Cordeiro.

Sobre a ideia dos vagões exclusivos, em que mulheres e homens são separados no metrô, a moradora Aidê Felisberto afirmou: “não deveria ter vagão exclusivo. Deveria ter respeito”.

Algumas mulheres, como Maria Neres, sentem medo ao utilizar o transporte coletivo. “Tenho um pouco de medo, e evito ao máximo” afirmou Maria, que sempre leva um alfinete em sua bolsa quando pega o metrô. O metrô de São Paulo intensificou sua campanha contra os abusos, reforçando o sistema de denúncias por meio de mensagens de texto.

Em meio a tantas opiniões sobre o assunto, uma observação é válida: todos os entrevistados para essa reportagem admitiram que é um absurdo aproveitar-se das situações no transporte coletivo para assediar outras pessoas.

Vinícius Andrade

 

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