Os direitos são desiguais nas relações

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A nova realidade das mulheres faz são remanas repensarem seus papéis nos relacionamentos

 

“Você pretende se casar?”, essa pergunta deu o que falar na São Remo. Ou, melhor dizendo, o que pensar, já que nenhuma mulher conseguiu respondê-la imediatamente. Todas tiveram que parar e refletir por alguns instantes.

Diante dessa hesitação, fica claro que casar não é mais a única perspectiva no futuro das são remanas. Há novas possibilidades e novos horizontes se abrindo para todas essas mulheres.

Entre o sonho e a realidade
Em gerações passadas, o casamento estava presente nos planos e sonhos de praticamente todas as mulheres. Só ele conseguia proporcionar a saída da casa dos pais, o amadurecimento, a presença do amor – e, muitas vezes, da renda – de um homem. Mas, em uma sociedade em que o matrimônio está perdendo cada vez mais o apelo, as são remanas sentem as influências. “É geral, não é uma característica da São Remo: o casamento está perdendo o significado”, afirma a psicóloga Débora Cidro. “Mudou a forma como a mulher se relaciona com a sociedade. Ela não tem mais que esperar pelo marido, pelo homem”.

As jovens de hoje em dia podem planejar conquistas que suas avós nem imaginariam, como trabalhar, ter seu próprio negócio ou frequentar o ensino superior. Os supostos papéis que a mulher deve cumprir dentro de um casamento já não bastam mais. Lutando todos os dias por um tratamento igualitário na sociedade, elas procuram pela mesma coisa quando se imaginam dentro do “casamento dos sonhos”.

E, enquanto hoje algumas jovens afirmam querer trabalhar para nunca “depender de homem”, outras também enfatizam não querer nunca ter um homem que dependa delas. O matrimônio, antes visto como necessário, agora só fica atraente aos olhos femininos se incluir o companheirismo que Viviane Cruz Cardoso afirma vivenciar com seu marido. A moça de 21 anos tem um negócio próprio, e diz que nunca teria conseguido sem a ajuda dele. Atualmente desempregado, Wagner Rodrigues Soares cuida da filha em casa, e até cozinha. “Hoje eu não sei mais o que é um fogão”, conta Viviane, “e a comida dele é melhor que a minha”.

“Hoje a mulher tem uma profissão, tem um lugar. Dessa maneira, é muito bom que ela possa se sentir nos mesmos direitos que um homem dentro de casa, sem obrigação de lavar, passar ou fazer comida”, afirma a psicóloga Paula Salomão Brock.

Liberdade, liberdade

A igualdade também quer se fazer presente entre aqueles que  não sonham com casamento. A grande maioria das jovens, diante de “Você pretende se casar?”, afirma não querer “nem namorar”. Elas fazem o que foi, por muito tempo, restrito aos homens, e se permitem circular entre vários relacionamentos.

Conversando, as “descompromissadas” por opção afirmam querer “aproveitar a vida”, e não há nada de errado nisso. Essa vontade faz parte da juventude, e, com a descrença cada vez maior no casamento e na monogamia, talvez até faça parte de uma nova realidade. Mas, continuando a conversa: “a gente até pode ‘ficar’ com quem a gente quiser, mas todo mundo comenta”, diz uma moça. Sua amiga completa: “os homens podem ‘pegar geral’ e são garanhões… Já a gente, fica falada”.

Pode parecer que a situaçã dessas garotas não tem a ver com a daquelas que ainda querem um casamento. Mas há um elo que liga todas essas histórias: a desigualdade. Por que certos comportamentos são aceitáveis para os homens e condenados quando as mulheres os praticam?

A pergunta certa

As vontades e ambições das mulheres, dentro e fora dos relacionamentos, parecem ter se esclarecido com as respostas àquela primeira pergunta. Uma só frase bastou para faze com que elas questionassem todas essas coisas. E agora, diante de toda a reflexão que elas proporcionaram, resta apenas uma pergunta: quando é que irá existir a igualdade de direitos entre os sexos?

 

Giovana Feix

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