A polêmica em torno dos Black Blocs

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Conheça a forma de manifestação que divide opiniões e ficou conhecida este ano no Brasil

No Rio de Janeiro, manifestantes “Black Bloc” protestam em passeata contra o governador Sérgio Cabral

No Rio de Janeiro, manifestantes “Black Bloc” protestam em passeata contra o governador Sérgio Cabral

Em junho deste ano, uma onda de protestos se espalhou pelo Brasil, revelando a indignação de muitos brasileiros diante dos graves problemas políticos e sociais. Neste cenário, alguns manifestantes chamaram a atenção devido à estratégia de protesto muito particular, que dividiu opiniões: o confronto direto. Eles são chamados de “Black Blocs”.
Esses jovens continuam em cena, divulgando suas ideias e pautas nas redes sociais e participando de protestos e manifestações. Mas, para muitas pessoas, talvez ainda restem dúvidas sobre quem são esses manifestantes mascarados, que enfrentam a polícia e depredam bancos e comércios, e o que, afinal, eles querem. Não se pode ignorar que eles existem e têm tomado as ruas. Por isso, é importante entender melhor este fenômeno.

Grupo? Movimento?
Diferente do que possa parecer, os Black Blocs (do inglês, “blocos negros”) não são um grupo organizado ou um movimento, mas um tipo de tática, que se baseia no confronto direto contra os símbolos capitalistas e as instituições de repressão e poder.
Com paus, pedras, coquetéis molotov e outras ferramentas, esses jovens de inspiração anarquista se caracterizam por sua insatisfação com o sistema político e econômico, sua indignação diante das desigualdades e sua disposição para o enfrentamento. Como bloco, sua formação não é permanente e sua atuação não é centralizada. A opção por esconder o rosto serve para evitar a identificação dos manifestantes, já que sua ação se baseia na desobediência civil.

Como surgiu
Os Black Blocs tiveram origem na Alemanha, nos anos 1980, quando, durante uma manifestação, militantes apareceram vestidos de preto e com o rosto coberto, usando capacetes de proteção para se defender da polícia. Na ocasião, foram apelidados pela imprensa de Schwarzer Block (“bloco negro”, em alemão).
Já em 1999, os Black Blocs estiveram em Seattle, nos Estados Unidos, para protestar em meio a uma reunião da Organização Mundial do Comércio. Houve depredações e pichações e o uso da violência como ação direta pela primeira vez.
Aqui no Brasil, a tática começou como uma forma de defesa de manifestantes, ainda em junho, e ampliou sua atuação com o uso da destruição como intervenção estética e ideológica.

E o futuro?
Apesar de gerar polêmica, a tática tem atraído muitos jovens, que concordam com as causas defendidas e a maneira de lutar por elas. Isso se evidencia na quantidade de “likes” das páginas dos Black Blocs nas redes sociais e no aumento do número de jovens mascarados a cada protesto.
O que podemos esperar para o futuro? É provável que a atuação dos Black Blocs continue e se intensifique, e eventos como a Copa do Mundo da FIFA e as Olimpíadas são alvos potenciais.
Não se sabe os rumos que as lutas sociais no Brasil tomarão, mas sim que hoje elas têm uma nova cara (ou novas caras). E essas “caras”, embora mascaradas, possuem ideais e uma forma de agir. Se a discussão sobre a legitimidade da atuação desses jovens está longe de se encerrar, ao menos é importante conhecer o que está por trás de algo que tem feito tanto barulho, diante de uma sociedade que muitas vezes parece surda ao clamor social.

Qual a opinião dos são remanos?
“Entendo o lado deles quando pensam que esse país tem que mudar, não dá mais para ficar como está.” (B. S. M.)

“Eu não concordo com a ação dessas pessoas. E pelo simples fato de não aceitar todo e qualquer tipo de violência. É isso!” (A. R. )

“Eles têm bons ideais, mas poderiam ter atitudes mais humanas para conseguir as coisas.” (J.S.)

Quéfren de Moura

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