Antigo morador relata começo da SR

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Deusdete Saraiva Bonfim afirma que ajudou a nomear as ruas da comunidade nos anos 60

O “primeiro são remano” em frente à casa onde mora há mais de 40 anos

O “primeiro são remano” em frente à casa onde mora há mais de 40 anos

No início da década de 1960, o terreno onde hoje se localiza o Jardim São Remo era um matagal, coberto por algumas plantações. Aos poucos, foi recebendo moradores. Com a construção do Hospital Universitário, finalizada em 1979, urbanizou-se ainda mais.
Testemunha ocular desses eventos, o benzedeiro Deusdete Saraiva Bonfim, 71 anos, se diz o morador mais antigo da comunidade. Tanto que em 1962, quando ele comprou o terreno onde mora até hoje, as ruas da São Remo não tinham nomes.
“Era tudo numerado. Eu que fui à prefeitura e dei os nomes”, conta. A rua Cipotânea, onde mora, ele diz ter não só batizado mas ajudado a arborizar. “Daqui até ali foi tudo eu que plantei”, diz, orgulhoso, apontando para a encosta coberta de verde que separa o Hospital Universitário de sua rua.
Antes dos doze anos, migrou da Bahia, onde nasceu, para São Paulo. Depois de morar no bairro de Pinheiros, mudou-se para a atual comunidade. Além da avenida que hoje dá nome à São Remo, pouco existia no local. A esposa de Deusdete, dona Amélia, conta que boa parte era ocupada por plantações de mandioca e de abacaxi. Um casal de portugueses possuía o terreno entre as ruas Pangaré e Baltazar Rabelo, hoje baldio e pertencente à USP.
Segundo Deusdete, poucos imóveis da comunidade possuem escritura. Ele acredita que boa parte dos terrenos, que foram ocupados informalmente, pode ser retomado pela universidade. Conta ainda que a ameaça de desapropriação existe desde 1960, apesar de nunca ter sido concretizada.
Hoje, o casal de moradores ilustres também sofre com alguns problemas da urbanização. Cupins ameaçam as maiores árvores da rua, que também é lotada por carros de quem vai ao hospital.
Ainda assim, Deusdete analisa a situação dos moradores com fé e otimismo. “Peço a Deus que dê estacionamento, creches a essas pessoas”, diz. Quanto ao risco de ser desapropriado, também não se preocupa.
“Não há nada a fazer. Não existe autoridade que dê jeito, só Deus. E Ele não vai deixar ninguém sem amparo”, diz, sempre confiante e sorridente.

Marcelo Grava

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