Tirar o aluno da zona de conforto é bom, mas não é o bastante

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A prefeitura de São Paulo pôs fim ao sistema de progressão continuada nas escolas municipais. Criado há mais de 20 anos, o plano acabou com a reprovação de alunos por nota, considerando que a retenção os desmotivava para a vida escolar.
De fato, a má qualidade de creches e escolas infantis levavam crianças analfabetas ao ensino fundamental, onde repetiam de ano dentro de um sistema punitivo.
No entanto, o fim da reprovação (bem sucedido em países desenvolvidos) não deu certo. Sem necessidade de fugir das notas vermelhas, muitos alunos entraram em uma zona de conforto e se desinteressaram pelo conteúdo das salas de aula.
Após muitas críticas, o fim da aprovação automática visa corrigir duas falhas do sistema: o comodismo e a escassa participação dos familiares na vida escolar do aluno. A solução, porém, é uma via de mão dupla: escola e família devem se complementar na educação do aluno, e não apenas depender um do outro.
Além disso, é preciso tomar cuidado para não limitar o desenvolvimento escolar de uma criança a números e relatórios, e lembrar que a reforma não precisaria ser feita se houvessem escolas decentes e de fácil acesso que motivassem os alunos.
Levar as crianças às salas de aula é fundamental, mas mantê-las contra a vontade é prejudicial. Acaba o comodismo, mas continua a luta por educação de qualidade.

Marcelo Grava

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