Violência obstétrica é comum no Brasil

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Gestantes sofrem com agressões físicas e verbais e intervenções cirúrgicas desnecessárias

Para aqueles que sonham em se tornar pais, o parto é o momento mais infografico_partoimportante. É nesse ponto da gestação que seu sonho se realiza e, portanto, pai, mãe e bebê deveriam ser sempre os protagonistas desse acontecimento. Entretanto, no Brasil, são os médicos que, muitas vezes, figuram como personagens principais, impondo à gestante uma intervenção cirúrgica nem sempre necessária, a cesárea, mesmo nos casos em que a mãe deseja um parto normal. Enfermeira obstetra, Adriana Lima de Mello afirma que “a violência começa no momento em que o profissional se coloca acima do paciente”. O médico utiliza de seus conhecimentos profissionais e de sua autoridade para conferir, por meio de argumentos pouco convincentes, uma forma de nascimento invasiva, mais traumática para o bebê e mais demorado e complicada para a mãe. Os números assustam: enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza uma taxa de até 15% de nascimentos por cesarianas, no Brasil o percentual é de 52%, contra apenas 48% de partos normais (dados de 2010). Considerando apenas os hospitais particulares, estima-se que o número de cesáreas suba para 80% do total de partos realizados. Além da imposição de cirurgia, existem outros procedimentos violentos cometidos desde o pré-natal até o nascimento do bebê. Negar à gestante um acompanhante durante o trabalho de parto é uma agressão, visto que é direito da paciente ter alguém de sua confiança nesse momento. Toques excessivos em exames no pré-natal, agressões físicas e verbais durante o parto e práticas desnecessárias, como limpeza intestinal e depilação pré-parto, são também exemplos de violência. A mulher que se sentir violentada pode fazer denúncias para o Disque 100 ou o Disque Saúde do Ministério da Saúde (136). O Conselho Regional de Medicina e a Secretaria Municipal de Saúde são órgãos que também podem ser procurados para denúncias. Parto humanizado A expressão não soa familiar para a maioria das mulheres, mas entendê-la é simples: abrange todo parto em que é respeitada a vontade da gestante. O parto domiciliar é uma opção, mas envolve altos custos. A fisioterapeuta Melissa Gonçalves, que teve seu filho em casa, diz que gastou R$550 com uma doula (auxiliar de parto) e R$3.800 com enfermeiras obstetras que acompanharam seu parto. “Foi o dinheiro mais bem gasto da minha vida”, conta a mãe. Em São Paulo, há lugares onde é possível ter acesso a um parto humanizado, como a Casa Ângela, no Jardim Mirante, a Casa de Parto Sapopemba e o Hospital Amparo Maternal, na Vila Clementino. Esses estabelecimentos atendem a mulheres de baixa renda.

Por Anaís Motta e Giovana Bellini

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