O dia a dia das crianças preocupa mães

Por

As mulheres, mesmo com pouco tempo vago, continuam aflitas com o cotidiano de seus filhos

Escola, creche, tempo na rua, companhias, saúde, proteção e diversão. Para muitas, o cargo de “mãe” na comunidade é uma tarefa árdua e complicada. Além de educar os filhos, ainda há a preocupação em certificar-se de que eles não estejam tendo más influências e que seus estudos e tempo livre estejam se dando de maneira eficaz e saudável.

pagina 10 - mulheres

Atividades extracurriculares ajudam a ocupar o tempo das crianças

Mas há quem diga que hoje em dia o quadro é diferente. Antes, encontrar uma creche decente ou saber onde o filho está enquanto trabalha era um desafio. Hoje, a variedade de opções de instituições de ensino e de atividades extracurriculares para mantê-los ocupados e seguros cresceu bastante. Mas será que já é o suficiente para que a mãe são remana possa respirar tranquilamente e ficar aliviada?

A maior divergência de opiniões nessa questão encontra-se entre as mães mais velhas e as mais novas. Quem já conhece a comunidade há mais de 10 anos e tem filhos já adultos costuma ter uma opinião muito diferente de quem chega nos últimos tempos com filhos pequenos. Para conhecer e entender um pouco mais dos problemas que a mãe são remana enfrenta, o Notícias do Jardim São Remo conversou com algumas mães de diferentes gerações, coletando depoimentos bem diversos.

O que pensam as mães

O maior problema colocado em pauta pelas mães foi o tempo que as crianças ficam na rua. Isso decorre do medo que seus filhos se relacionem com más influências ou frequentem lugares inadequados. “A minha maior preocupação com a minha filhinha mais para frente é a convivência mesmo” comenta Liliane dos Santos, mãe que vive na São Remo há mais de 10 anos. “O importante é ocupar a criança com alguma coisa, colocar em algum curso ou atividade, para que ela não fique por aí se metendo com quem não deve”.

Mas em relação a este problema não faltam soluções: cresce na São Remo o número de projetos sociais para que as crianças se ocupem durante o tempo em que seus pais não estão presentes. Alexandre Augusto, funcionário
do Circo Escola, conta que além da grande procura das mães em matricular seus filhos nas atividades, há também uma preocupação com seu desempenho e frequência nos exercícios propostos.

“Aqui no Circo temos um controle de frequência bem atencioso. Se percebemos que uma criança tem faltado bastante ou não tem se comportado muito bem, logo entramos em contato com os pais ou fazemos uma visita à família e, no geral, a gente até percebe que eles se preocupam bastante, são bem raros os casos de mães que não estão nem aí para o que o filho anda fazendo”, explicou.

Opinião das mais experientes

pagina 10 - mulheres 1Para Mayara Santos, criada na São Remo e hoje com filho pequeno, as coisas melhoraram de tempos pra cá. “Eu lembro quandoeu era pequena, não tinha asfalto, não tinha pracinha e o campo era todo cheio de mato. Era tudo muito feio, mas melhorou muito, agora dá pra andar de bicicleta com mais tranquilidade”. Quanto ao que deseja para o futuro do seu filho já diz logo: “Quero que ele estude no SESI pra depois entrar na USP e sair daqui”.

Por outro lado, a experiência com certos problemas da comunidade dá às mães mais experientes um criticismo maior em relação às oportunidades que a geração de hoje tem. Há mães que procuram matricular seus filhos em escolas cujo período calhe com seu tempo de trabalho, para que possam ficar em sua companhia a maior parte do dia.

Projetos como o Alavanca disponibilizam uma série de vagas para cursos diversos, mas que continuam disponíveis por falta de interesse. Entretanto, apesar dessa grande disponibilidade, para algumas mães, não há curso que dure o suficiente; além disso, em muitos casos, os próprios filhos se desinteressam pelas atividades e acabam deixando-as de lado. “O principal [problema] é não ter um lugar para deixar seus filhos na maior parte do tempo, deixando eles expostos mais na rua. Se você manda eles para escola várias vezes eles não vão, aí acabam ficando pela rua. Não tem um projeto que segure muito eles” comenta Risomar Francisca, ex-moradora da São Remo.

Por Maria Alice Gregory

Comentários encerrados. Comente reportagens recentes.