Escolas devem abordar educação sexual

Orientação inadequada pode trazer problemas para toda a vida futura dos adolescentes

Luís Salvoni Carneiro de Campos é Mestre em Ginecologia pela Faculdade de Ciências Médias Santa Casa de São Paulo e especialista em ginecologia e obstetrícia. Dr. Salvoni concedeu uma entrevista ao NJSR, esclarecendo o tema da educação e orientação sexual entre os jovens.

 NJSR: Os jovens iniciam cada vez mais cedo sua vida sexual. Como isso reflete em sua saúde?

Salvoni:

O fato de os jovens iniciarem sua vida sexual tão cedo é preocupante. A presença de gestações indesejáveis entre adolescentes acarreta um aumento no número de abortos não naturais, que, por serem clandestinos, muitas vezes são feitos de modo inadequado, causando morte ou graves complicações à gestante, além de conseqüências psicológicas preocupantes. Quando as gestações são mantidas sem o devido acompanhamento pré-natal, também são perigosas.

Porque regiões carentes apresentam mais casos de gravidez na adolescência e de DSTs?

Más condições sócio-econômicas andam de mãos dadas com a desinformação. Além disso, as estruturas de saúde deficientes das áreas mais carentes não oferecem programas adequados de prevenção da gravidez e das DSTs.

O fato de os jovens conversarem entre si sobre isso agrava o problema ou o abranda?

As informações trocadas entre os adolescentes sobre a sexualidade sempre é um fator positivo, pois a informação é o pilar da segurança e da saúde relacionadas à vida sexual. O único ponto negativo das conversas informais entre jovens é a disseminação de eventuais informações incorretas.

O tema deve ser tratado pela escola? Como?

Esse tema deve ser abordado desde cedo nas escolas. Deve haver uma ação contínua e cada vez mais abrangente conforme os jovens vão se tornando mais maduros. Considerando que o início da vida sexual entre os adolescentes brasileiros tem ficado ao redor dos 14 anos de idade, qualquer ação de orientação preventiva deve ser iniciada antes disso.

Como os pais podem abordar a questão com os filhos? E os filhos com os pais?

O papel dos pais é essencial, mesmo sendo uma situação delicada e difícil. Às vezes eles mesmos tem pouca informação sobre o tema. Aspectos individuais, morais e religiosos podem ser fatores de dificuldade para a interação pais/filhos nesse caso. A única maneira de superar as barreiras é o diálogo, partindo, por exemplo, de situações abordadas na escola, aspectos discutidos na mídia e até mesmo casos ocorridos na comunidade em que vivem.

É necessário tratar de forma diferente esse assunto para meninos e meninas?

A abordagem entre meninos e meninas pode diferir em relação ao momento mais adequado para seu início: as meninas costumam ser mais precoces. Porém, a abordagem básica é a mesma.

Quais são as medidas mais eficazes na informação de comunidades a respeito desse tema?

A informação é a base do sucesso quando se trata de assuntos como sexualidade, anticoncepção e prevenção de DSTs. Ao abordar comunidades, o efeito de campanhas educativas, interagindo com órgãos de saúde pública e instituições de ensino, é ótimo: promove a orientação de modo mais incisivo entre os jovens.

Por William Tamberg e Gustavo Buendia

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