Reurbanização permanece inexplicada

Habitantes seguem sem informações sobre o plano que os afetará diretamente

O projeto de reurbanização da São Remo segue com dados pouco precisos, por parte da Reitoria. Os moradores pedem por informação mais concreta e que sua participação seja ampliada. E, também, temem alguns pontos ainda obscuros do projeto, como a questão da remoção de famílias.
A Comissão Coordenadora do Projeto não conta com nenhum morador da São Remo. Até o momento, foram feitas apenas quatro reuniões com a participação da comunidade, sendo que só uma delas discutiu diretamente a reurbanização. A principal queixa dos são remanos é a falta de informação precisa. Aidê Felisberto, presidente da Associação de Moradores, alega que “o projeto de reurbanização ainda não foi esclarecido”. Givanildo Oliveira dos Santos, vice-presidente da Associação, afirma que “os moradores querem acompanhar o projeto ponto a ponto”.

Prazo chega ao fim
No último encontro com representantes da Reitoria foi acordada uma audiência com Secretários de Habitação. O prazo para o agendamento deste encontro foi 20 de março. Até agora, a Associação de Moradores não obteve resposta.
Há incerteza também sobre se haverá desalojamento de famílias. Questionada sobre isso, a Comissão respondeu vagamente, alegando que o projeto beneficiará todos os moradores e que seus direitos serão respeitados. Givanildo diz que “os moradores querem o compromisso de que continuarão na São Remo”. Fátima Santos diz que “tem medo de perder o lugar que tanto se esforçou para conseguir”.
Para Neli Wada, do Sintusp, não há nenhum projeto de reurbanização e sim uma tentativa de remoção de pessoas de áreas importantes – cujo preço do terreno é alto – e o repasse para empresários, até a Copa do Mundo. Além do mais, trata-se de uma política de higiene que, ao remover pessoas destas áreas carentes, impede que os turistas atraídos, por exemplo, pela Copa entrem em contato com estes lugares mais pobres. “É necessário ficar atento para que não façam na São Remo o que fizeram no Pinheirinho”, diz Neli.
Na semana passada, o reitor João Grandino Rodas falou sobre a reurbanização no programa da rádio USP “Palavra do Reitor”. Mais uma vez, não explicou como o projeto será feito, mas garantiu que não haverá remoção de famílias; “que elas sejam colocadas em melhores situações, mas lá mesmo”, disse.
De acordo com a Comissão , a próxima etapa do projeto seria um “levantamento patrimonial, de zoneamento e potencial de ocupação das áreas”. A previsão era que a Secretaria Municipal de Habitação o entregasse até o final de março. Entretanto, ele não pôde ser acessado. A assessoria de imprensa afirmou que “não há nenhuma informação nova” sobre o assunto.

Por Hugo Araújo

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