BUSP afeta São Remanos

Alto preço da passagem deixa moradores sem alternativa

O acesso ao transporte público é um direito assegurado pela Constituição Federal. Entretanto, na prática, a realidade é outra e o transporte coletivo de qualidade torna-se cada vez mais raro e de alto custo.

A Constituição, em seu artigo 7º, determina que o salário mínimo deve sofrer reajustes para manter seu poder aquisitivo, de modo que não impeça o acesso às necessidades básicas como moradia, alimentação, saúde, lazer e transporte. Portanto, o aumento da tarifa do transporte público não poderia superar o aumento do salário mínimo, oposto do que ocorre na prática.

Os aumentos abusivos e constantes geram um elevado preço, sentido na pele por quem necessita diariamente do transporte coletivo. “O salário é incompatível com os aumentos das passagens”, reclama Fátima Santos, moradora do Jardim São Remo, que teme por reajustes futuros.

O número de passageiros aumenta a cada ano e os investimentos, no entanto, só diminuem. Como consequência, há a ausência de frota suficiente, gerando superlotação nos horários de pico e acarretando longos períodos de espera para os usuários.

Wilson Filho, morador da São Remo, ressalta a demora nos terminais Vila Madalena e Lapa. Ainda que não tenha muito do que reclamar da qualidade do transporte, acha o preço da passagem “absurdo”.

Com esse atual cenário do transporte urbano, a alternativa para os moradores da São Remo era utilizar o circular gratuito da USP. “A maioria das pessoas, como minha mãe, são funcionários terceirizados e as empresas não fornecem o vale transporte”, diz Valdete Silva. Entretanto, com o novo circular e sem alternativa, muitos deles terão de enfrentar um longo trajeto a pé.

Prejuízo para os “são reminhos”

A mudança não gera transtornos somente para os trabalhadores, ela também altera a rotina de muitas crianças da comunidade. “Eu usava o circular para levar meu filho para a escola e agora teremos que ir a pé” reclama Lenice Marcelino, cujo filho de 11 anos estuda na Vila Indiana. A gratuidade da passagem do novo circular se estende somente para alunos, professores e funcionários não terceirizados da Universidade.

A moradora Maria Rodrigo, mãe de duas crianças, também terá que levá-las a pé para a escola. “Nós não temos condições de pagar seis reais só de passagem todos os dias. Talvez teremos até que mudar os meninos de escola. E nos dias de chuva?”

Por Felipe Higa

 

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