Repórteres do NJSR são abordados pela PM

Por

Enquadro policial ocorreu no portão do Jardim São Remo enquanto eles fotografavam a comunidade

Novembro de 2011

Por Diego Rodrigues

 

Os recentes confrontos entre a Policia Militar e os alunos da USP têm sido muito discutidos pela mídia. O debate, porém, fica apenas nas questões relevantes ao que ocorre dentro do perímetro da universidade. Não entra na discussão o preconceito embutido em muitas das ações que ocorrem nas proximidades dos portões do Jardim São Remo, que envolvem alunos da USP e que, potencialmente, podem envolver os moradores.

Nicolas Gunkel e Talita Nascimento, repórteres do NJSR, foram abordados por policiais quando entravam no campus da USP enquanto tiravam fotos para a edição do jornal “Eu estava com a câmera na mão e eles chegaram mandando abaixá-la, botar a mão na cabeça e virar de costas”, diz Nicolas.

De acordo com ele, a polícia tenta legitimar sua ação na faculdade patrulhando intensamente a região próxima à São Remo. Buscam alunos que foram até lá supostamente à procura de drogas. No entanto, acabam exagerando em suas abordagens, tornando qualquer frequentador da universidade um potencial suspeito.

Não é à toa: a ação da polícia ocorre no momento em que a Universidade passa por uma instabilidade política devido a diversas questões. Principalmente por conta do assassinato no estacionamento da FEA ocorrido em maio, o que trouxe a polícia para dentro do campus após um convênio com a reitoria. A autuação de três jovens, portando maconha no dia 28 de outubro, desencadeou a discussão sobre a presença da PM e das drogas dentro da USP.

A polícia, sofrendo oposição por parte dos alunos, tenta realizar ações para justificar sua presença na Cidade Universitária. “Eles pareciam desesperados para encontrar alguma coisa” diz Nicolas. Mas, ao se identificarem como repórteres, os policiais mudaram a postura. “Quanto menos a gente falar [disso], melhor para eles”.

Os moradores da comunidade também sofrem com essa repressão e com a desesperada busca policial por alunos portando substâncias ilícitas. “A cada cem pessoas, eles podem até pegar uma portando drogas, mas isso não justifica a violência com as outras 99 que estão só passando”, afirma Nicolas.

Comentários encerrados. Comente reportagens recentes.