Ambientes acadêmico e profissional se integram
Diferentes instituições podem preparar um profissional para o vasto mercado editorial alemão.
por Mayara Teixeira
Quem está acostumado com o sistema acadêmico brasileiro pode se surpreender com o ensino superior da Alemanha. Existem diferentes tipos de instituições, nas quais um estudante pode obter diferentes graus de especialização e profissionalização. Para obter uma formação é possível cursar uma escola superior técnica, uma academia profissionalizante, ou ainda, uma universidade.
Para Karin Salomão, estudante de jornalismo e intercambista na Goethe Universität de Frankfurt, a diferença é clara: “Técnico é mais voltado para a área de exatas”. Mas, segundo dados da Deutsche Welle as diferenças são mais numerosas.
Faz diferença?
O estudo universitário não visa à formação profissional, mas uma qualificação científica baseada em conhecimentos teóricos e metódicos. Para as universidades alemãs, pesquisa e ensino estão intrinsecamente ligados; o doutorado, por exemplo, só pode ser realizado em uma Universität.
Já uma escola superior técnica, propicia ao estudante uma formação basicamente profissionalizante. Os cursos se voltam mais para a prática e o tempo de estudo é mais curto do que na universidade. Os professores são profissionais experientes preocupados com as exigências do mercado. Existem escolas superiores públicas e privadas. Mais de 50 escolas privadas foram reconhecidas pelo Estado, e são mantidas por empresas, fundações ou subsídios públicos.
As academias profissionalizantes oferecem diversos cursos na área social. Os estudos têm duração de seis semestres com sistema dual. Ou seja, estudo científico em nível superior associado à formação profissional prática em uma empresa ou instituição social, sendo que as partes práticas e teóricas se intercalam a cada 12 semanas.
Em jornalismo, para se obter uma formação superior, existem 42 diferentes instituições, e cerca de 40% delas são academias. O pré-requisito para a admissão em uma academia é o Abtur, certificado de conclusão do ensino médio, ou um contrato de estágio em alguma empresa conveniada.
Durante o estudo, os alunos recebem, da empresa em que realizaram a parte prática, cerca de 500 euros por mês. Após dois anos, a etapa de qualificação profissional está concluída, mas somente depois do terceiro ano, o aluno pode requerer o diploma (Diplom) que tem o mesmo valor que o de uma escola superior.
Para entrar no mercado
Apesar da integração bastante freqüente entre empresas e instituições de ensino, para conseguir um espaço nas empresas de comunicação alemãs o caminho é o voluntariat – o estágio. Segundo dados da Embaixada Alemã no Brasil, 80% dos novos profissionais que chegam ao mercado de trabalho jornalístico realizaram estágio. Anualmente, os jornais diários são os que oferecem o maior número de vagas (1.100), seguido pelas revistas (800), emissoras de rádio (400) e grandes empresas de radiodifusão (200).
O voluntariat foi criado, em 1990, para definir regras à educação formal de jornalismo (no período, não existiam cursos acadêmicos na área). “O estágio não é obrigatório, mas é algo muito normal”, explica a intercambista brasileira, Karin. Já para Danielle Alves, pós-doutoranda em Comunicação Social*, “sem o voluntariat, só quem tem ‘boas relações’ consegue uma posição”. (link matéria Papp)
E o mercado editorial não é pequeno. A Alemanha possui uma das maiores indústrias midiáticas do mundo. Levando em consideração apenas os jornais impressos, cerca de 20,6 milhões de exemplares são vendidos diariamente. O levantamento foi feito pela World Association of Newspapers e revela que o país é o quinto maior mercado mundial de imprensa, atrás apenas da China, Índia, Japão e Estados Unidos.