Pesquisa acadêmica em comunicação se fortalece na América Latina
Por Denise Eloy
A pesquisa acadêmica normalmente se debruça sobre grandes questões e é fundamental para o desenvolvimento de uma área de conhecimento. Com a comunicação, esse processo também ocorre. Apesar do tom prático das faculdades e escolas de jornalismo, as linhas de pesquisa crescem e são estudadas nos vários âmbitos da comunicação. Dessa forma, prática e teoria se articulam na produção de conhecimento.
Fundada em 1978, a Associação Latinoamericana de Pesquisadores em Comunicação (Alaic) tem como missão “impulsionar o desenvolvimento da pesquisa comunicacional na América Latina e sobre ela, junto à consolidação de uma comunidade acadêmica que produza em condições de liberdade, qualidade e colaboração permanentes”. A associação procura apoiar a comunidade científica latino-americana que tem como foco a comunicação. A partir das relações regionais, nacionais e entre países, a liberdade de investigação e o pluralismo teórico e metodológico são alguns de seus valores.
A associação é dividida em grupos de trabalho que abarcam diversos campos da comunicação. Como exemplos, alguns deles são Comunicação e Saúde, Comunicação Política e Meios e Estudos em Jornalismo.
A importância da pesquisa
Raúl Fuentes é coordenador do grupo Teoria e Metodologia de Pesquisa da Comunicação e conta que a pesquisa na América Latina tem uma clara tendência de crescimento, porém uma enorme variedade temática e metodológica. Sobre os países mais ativos nesse aspecto, ele afirma: “Mayor o menor, todos los países latinoamericanos. Pero el grado de institucionalización es incomparablemente mayor en Brasil que en el resto. Hay fuertes tradiciones en México, Argentina, Venezuela, Colombia… pero no el mismo nivel de institucionalización”.
Fuentes complementa acerca da importância da pesquisa para a formação de professores e alunos: “Debería ser una importancia más ampliamente reconocida, pues tiene que ver con los procesos de producción de conocimiento, y eso es central para cualquier actividad de comunicación”.
A pesquisa em comunicação na América Latina também é estudada em seu caráter histórico, do seu surgimento até os dias de hoje. Em artigo publicado em 2002, Gustavo Léon Duarte, professor e pesquisador da Universidade de Sonora, no México, menciona que “el campo de estúdios y, en particular, el desarrollo y la aplicación de las teorías de la comunicación en América Latina se formaron prácticamente durante el periodo de los sesenta y hasta mediados de los ochenta por el “efecto cruzado” de dos hegemonías teóricas: la del pensamiento instrumental de la investigación norteamericana y la del paradigma ideologista de la teoría social latinoamericana”. A constatação é de Martín Barbero, em 1993.
Raio-X do ensino de jornalismo
Da mesma forma, a Federação Latinoamericana de Faculdades de Comunicação Social (Felafacs) tem como propósito contribuir para o desenvolvimento do ensino e da prática profissional da comunicação na região. Criada em 1981, agrupa mais de 300 faculdades e escolas de comunicação pertencentes a 21 países.
A federação realiza projetos, pesquisas e outros tipos de iniciativas e debates que fomentem o crescimento da área de conhecimento definida como comunicação. A revista acadêmica Diálogos da Comunicação, por exemplo, é uma publicação que tem mais de 20 anos.
Um dos projetos da Felafacs foi a criação do Mapa dos centros e programas de formação de comunicadores e jornalistas na América Latina e Caribe. Ele identificou os modelos de acreditação de qualidade desses cursos e comparou a realidade latinoamericana com experiências européias, como o Protocolo de Bologna. Iniciado em 2008, o projeto foi apoiado pela UNESCO e entrou em contato com os Ministérios da Educação de diversos países.
Quer saber mais?
Leia a matéria sobre o mapa produzido pela Felafacs.