Lista de Entidades
Sindicato dos Artistas Plásticos
Criado em 1921 com o nome de Sociedade Paulista de Belas Artes, por Alexandre
de Albuquerque, visa defender a profissionalização dos artistas,
bem de acordo com o espírito trabalhista da época. Pretende
difundir o gosto pelas artes especialmente através de exposições
e cursos abrangendo diferentes linguagens e manifestações
artísticas. Em 1936, transforma-se no Sindicato dos Artistas Plásticos,
espaço privilegiado de encontro dos artistas modernos, especialmente
aqueles auto-didatas que não têm acesso aos grandes salões,
como Aldo Bonadei e Mário Zanini. Realizou grandes exposições,
além de pequenas exposições nos bairros da periferia
paulistana. Agregava artistas de várias tendências, não
só os modernos, mas também os acadêmicos, o que, de
certa forma, era motivo de desprestígio para a entidade.
O Homem Livre
Semanário de política e cultura, surgido em 1933, cujo redator-chefe
é Geraldo Ferraz, casado com Patrícia Galvão, a Pagu.
Procurava aglutinar todas as tendências de esquerda em torno da
luta anti-fascista. Eram responsáveis por O Homem Livre: Mário
Pedrosa, Lívio Xavier, Aristides Lobo, Gofredo Rosini e Fúlvio
Abramo. Denunciando o avassalador crescimento do fascismo, seus articulistas
cumpriam um ideário de esquerda e pregavam a aproximação
da arte das classes populares. Lívio Abramo colocou sua arte à
serviço da revista produzindo uma gravura de irrestrita função
política e social (1).
Ateliê Abstração
Fundado numa casa da Aclimação, propriedade do romeno Samson
Flexor, em 1951, o Ateliê formou os primeiros artistas geométricos
brasileiros. Entre os membros do Ateliê estavam Izar do Amaral Berlinck,
Zilda Andrews e Emílio Mallet, entre outros.
O grupo realizou uma série de exposições conjuntas,
a primeira delas data de 1953, no Instituto dos Arquitetos do Brasil.
Em 1954, ocorre a segunda exposição no Museu de Arte Moderna
– MAM. Nesse mesmo ano, a casa-ateliê de Flexor, projetada
por Rino Levi, muda-se para a rua Gaspar Lourenço, Vila Mariana.
O grupo se dispersa após a exposição realizada em
Nova York, na Galeria Rolland Arnelle, em 1958. Em 1961, o fundador do
Ateliê Abstração, Flexor, monta um novo grupo, o Ateliê
Abstração 2. Esse grupo durou pouco tempo. Foram membros
do segundo grupo, os seguintes artistas: Charlotta Adlerová, Halina
Drapinski, Maria Helena Occhi, Ida Shaib, Michiko Komatsu, André
Cahen, Hans Grunebaum e Sérgio de Freitas Azevedo.
Casa Modernista
A casa, localizada na rua Itápolis (bairro do Pacaembu), é
um marco para a arquitetura modernista. Foi construída em 1930,
pelo arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik. A proposta de Warchavchik
era integrar arte, design e arquitetura na criação de ambientes.
A inauguração foi em 26 de março com uma grande exposição
de arte moderna, que durou até 20 de abril.
A Casa Modernista pertence a uma série de casas modernas projetadas
pelo arquiteto de 1927 até o começo da década de
1930. A primeira casa dessa série foi a sua residência, localizada
na Rua Santa Cruz (Vila Mariana). As linhas modernas e despojadas, as
paredes lisas e as janelas horizontais chamaram a atenção
da imprensa.
O reconhecimento nacional do talento de Warchavchik tem como expressão
o convite feito por Lúcio Costa, em 1931, para ser professor da
Escola Nacional de Belas Artes.
Tipografia de Henrique Gröbel
Entre os espaços voltados à produção cultural
e artística não podemos deixar de mencionar as gráficas
que surgiram em São Paulo, desde o século XIX e onde se
reuniram muitos artesãos imigrantes e artistas em ascensão.
Começando muitas vezes nos fundos de uma casa, algumas dessas oficinas,
que produziam de cartazes a revistas e livros, chegaram a ter certa importância
e sobrevida. A Tipografia de Henrique Gröbel, fundada em 1887 e sediada
na Rua Aurora, 3, imprimia a revista humorística A gargalhada.
Na década de vinte foi responsável por outra revista importante
– A Garoa. Muitas outras oficinas devem ser lembradas como a Tipografia
Paulista e a Weiszflog & Cia, embrião da Melhoramentos. Em
torno delas, ou graças a elas, grupos de artistas e intelectuais
podiam se reunir e desenvolver suas propostas.
Oficina de Arte
Entidade reunindo os artistas de São Paulo, conforme tradição
iniciada na década de vinte e trinta, cujo manifesto de criação
foi escrito por Odetto Guersoni. Seus objetivos eram criar uma frente
de trabalho para os artistas possibilitando sua intervenção
na cidade de São Paulo, seja através da arquitetura, da
ilustração, do cinema ou do teatro, tendo em vista, sempre,
chegar até as massas. Considerando que a arte não é
um privilégio esses artistas tinham forte motivação
social e pensavam sua ação junto às praças
e ao povo.
Jockey Clube de São Paulo
A primeira corrida ocorreu em 1876, no Hipódromo da Mooca, graças
à paixão de Rafael Aguiar Paes de Barros por cavalos. Com
altos e baixos, o Clube de Corridas Paulistanos foi sobrevivendo às
transformações do tempo, tendo cada vez mais participação
na vida da cidade. Foi de lá que Edu Chaves levantou vôo
em 1912 para tentar percorrer o caminho São Paulo-Rio de Janeiro.
Na década de trinta, o Jockey acompanha a expansão horizontal
da cidade e se transfere para as margens do Rio Pinheiros, promovendo
modificações na região Oeste e criando avenidas que
expandiram a cidade para além do rio. Além de um espaço
de encontro da elite econômica e política paulistana, o Jockey
Clube participou da remodelação urbana da cidade.
Automóvel Clube do Estado de São
Paulo
Numa época em que o automóvel passava a fazer parte da vida
urbana, alguns amigos resolveram criar uma sociedade sem fins lucrativos
para dar assistência aos seus veículos. Inaugurado em 1935,
iniciou suas atividades na Rua Martins Francisco, 53, em Santa Cecília.
Centro aglutinador da elite proprietária de automóveis,
o ACESP tornou-se famoso ponto de encontro para troca de idéias,
especialmente das republicanas. Como escreveu Mônica Pereira:
Os escritores, poetas, jornalistas e intelectuais freqüentavam os
mesmos lugares - compravam, liam e tentavam conquistar espaço nas
mesmas revistas - e conviviam com as "altas-rodas", sobretudo
aqueles interessados em culturalizar o país - os administradores
das artes. A vida literária e artística era, então,
intensa em São Paulo: todos se conheciam e se encontravam ou aqui
(na livraria e salão de chá Jaraguá, por exemplo)
ou ali, nas reuniões em casa de amigos ou coquetéis no Automóvel
Clube (Pereira, 1987, pp. 37-38)
Sevcenko também alude a essa paixão pelo automóvel
e ao fato dos paulistas se considerarem introdutores, senão do
automóvel na América Latina, ao menos da primeira competição
automobilística.
Livraria Italiana
A história do livro e, conseqüentemente, da vida cultural
e intelectual do Brasil tem ainda um outro apoio além das gráficas.
São as livrarias e editoras como a Francisco Alves e a Livraria
Teixeira instalada na Av. São João, 16. Tais endereços
eram lugares de encontro e de bate-papos, como a Livraria Moderna que,
em 1921, transferiu-se para a Rua Boa Vista, 38 B. Mas a pioneira desse
m0ovimento foi a Livraria Italiana, à Rua Florêncio de Abreu,
4, cujo dono, Mário Graciotti foi o primeiro editor de Mário
de Andrade. Com sua hospitalidade fez com que sua livraria ficasse conhecida
como “cenáculo de São Paulo”.
Centro Popular de Cultura (CPC)
O Centro Popular de Cultura é criado em 1961, no Rio de Janeiro,
ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE), a intelectuais
como Paulo Freire, Luís Mendonça e Anita Paes. Artistas
de diversas áreas fizeram parte do CPC – atores, diretores,
escritores, pintores, escultores etc. O projeto do Centro Popular se apóia
na tentativa de construir uma cultura nacional, popular e democrática
através da conscientização das classes populares.
Para o grupo não existe uma arte popular fora da política.
Entre as iniciativas cepecistas se encontram encenações
de peças em fábricas, favelas e sindicatos; publicação
de cadernos de poesia a preços populares; a realização
de filmes auto-financiados.
A criação do Centro Popular de Cultura ocorreu durante o
governo João Goulart, momento de grande mobilização
política e do crescimento das organizações de trabalhadores.
A classe média, principalmente estudantes e intelectuais, está
presente em partidos como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e entidades
como a UNE.
A idéia do CPC tem origem no grupo paulistano Teatro de Arena,
que na época estava realizando uma temporada das peças Eles
não usam black-tie (Gianfrancesco Guarnieri) e Chapetuba F.C. (Oduvaldo
Vianna Filho) no Rio de Janeiro. A insatisfação de alguns
integrantes, o Arena continuava sendo um “teatro de classe média”,
leva à montagem da peça A mais valia vai acabar, seu Edgar,
de Oduvaldo Vianna Filho e Chico de Assis. Em seguida, o grupo envolvido
realiza um curso de filosofia com José Américo Pessanha,
em auditório cedido pela UNE. Os debates ali realizados dão
forma ao Centro, que sofre também influências de outras iniciativas,
principalmente do Movimento de Cultura Popular. Essa influência
pode ser observada no destaque dado ao teatro sobre as demais artes, no
trabalho coletivo, na defesa do engajamento e conscientização
da população.
Com o golpe militar de 1964, o Centro Popular de Cultura é fechado.
Mas as idéias do projeto influenciam iniciativas posteriores, como
o show Opinião (1964), de Oduvaldo Vianna Filho, Armando Costa
e Paulo Pontes.
Clube dos Artistas Modernos (CAM)
A idéia da criação do Clube dos Artistas Modernos
surgiu no antigo salão de chá do Mappin, na Praça
do Patriarca. Entre seus idealizadores estavam Paulo Mendes de Almeida,
Flávio de Carvalho, Arnaldo Barbosa e Vittorio Gobbis. Os objetivos
da associação eram o intercâmbio entre diversas artes,
o estímulo de debates, a divulgação de novas criações
e a defesa dos interesses da classe artística. Nas realizações
do grupo, nota-se forte engajamento político e social, simpatia
com a experiência soviética e a crítica cerrada ao
Estado e à Igreja do Brasil. Mas tudo isso feito no clima de festa
e diversão.
Sua fundação data de 24 de novembro de 1932, na cidade de
São Paulo, tendo se convertido numa experiência que mostra
o êxito do associativismo como estratégia da atuação
artística na vida cultural brasileira e uma atitude de independência
em relação a instituições como a Escola Nacional
de Belas Artes.
Assim como a Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM), o CAM foi fortemente
influenciado pela estética modernista, mas difere daquela por ser
mais autônomo, irreverente e “menos elitista” em atividades
e realizações.
A sede social do CAM localizava-se no primeiro andar do prédio
da rua Pedro Lessa, 2 (na parte baixa do viaduto Santa Ifigênia).
Nesse local se realizavam festas, concertos, exposições
e palestras. Além disso, os ateliês de alguns parceiros de
criação do Clube também estavam instalados no local,
entre eles os de Antonio Gomide, Carlos Prado e Emiliano Di Cavalcanti.
No final de 1933, devido à censura e aos problemas financeiros,
o Clube dos Artistas Modernos encerra as suas atividades, mesmo tendo
manifestações de apoio de artistas e intelectuais expressivos
daquele momento.
Edifício Esther
Projetado por Alvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho, o Edifício
Esther fica localizado na praça da República, centro da
cidade de São Paulo. Esse edifício é um dos indícios
do racionalismo arquitetônico que começa a aparecer na paisagem
urbana do Brasil na década de 1930.
A origem do Edifico Esther vem do anteprojeto apresentado por Vital Brazil
e Adhemar Marinho, vencedor de um concurso, à Usina Esther Ltda.
Além de abrigar os escritórios da Usina Esther, grande produtora
de açúcar, o edifício contaria com lojas comerciais,
escritórios, consultórios e residências. Os aluguéis
cobrados garantiam a sustentabilidade do Edifício Esther.
O edifício segue os princípios centrais da arquitetura racionalista
e funcionalista: uso racional dos materiais, métodos econômicos
de construção, linguagem formal sem ornamentos, diálogo
sistemático com a tecnologia industrial, pilotis, planta livre,
janela corrida, fachada livre e terraço-jardim. Além disso,
possui quatro faces independentes e uma estrutura aberta com superfícies
envidraçadas.
O Edifício Esther, mesmo sendo importante na história da
arquitetura brasileira, passa por um processo de descaracterização
e deterioração. Sem motivo aparente, o edifício não
é mencionado em alguns manuais conhecidos de arquitetura.
Escola Brasil: (Escola de Arte Brasil)
A Escola Brasil: foi criada em 1970 num antigo laboratório farmacêutico
localizado em Santo Amaro. O projeto da escola foi concebido dois anos
antes por um grupo de artistas paulistas: José Resende, Carlos
Fajardo, Luiz Carlos Baravelli e Frederico Nasser.
A Escola Brasil defendia a idéia de que o ensino da arte se processa
principalmente no interior dos ateliês e não pelo ensino
formalizado de história, técnicas e métodos, como
fazem as escolas tradicionais de arte. Não há disciplinas
definidas, a formação do aluno gira em torno do seu desenvolvimento
e aproveitamento pessoal. Os dois pontos presentes no nome da escola indicam
abertura, algo sem definição, mas, para muitos, tratava-se
de uma atitude irônica diante do nacionalismo do governo militar.
Mesmo tendo uma curta duração, de 1970 a 1974, a Escola
Brasil: entra para a história das artes visuais como formadora
de artistas de características variadas.
Escola Livre de Artes Plásticas do
Juqueri
O psiquiatra Osório César foi o pioneiro no estudo da arte
dos doentes mentais, tendo como base os internos do Hospital Psiquiátrico
de Franco da Rocha, ou Juqueri. Em 1925 publicou A arte primitiva dos
alienados e participou de diversos debates promovidos pelos modernistas.
Em 1924, chegou a promover uma exposição no MASP, a qual
impulsionou a fundação da Escola Livre de Artes Plásticas,
atuante até 1970. Em 1985, parte do acervo dessa Escola constituiu
o Museu Osório César que administra as obras e organiza
o ateliê de artes plásticas para os internos. Em 1981, essa
arte é legitimada na XVI Bienal de São Paulo, na mostra
Arte Incomum exibindo parte do acervo do Museu Osório César
e do Museu de Imagens do Inconsciente do Rio de Janeiro.
Família Artística Paulista
(FAP)
A Família Artística Paulista é um grupo criado em
São Paulo no ano de 1937. A criação desse grupo se
insere no contexto em que diversas agremiações de artistas
surgem na década de 1930, mostrando que o associativismo foi uma
boa estratégia de atuação na vida cultural daquela
época. Em São Paulo, podemos citar o Clube dos Artistas
Modernos e a Sociedade Pró-Arte Moderna, ambos de 1932.
A FAP foi fundada e dirigida por Rossi Osir e Waldemar da Costa e contou
com a participação de diversos artistas, inclusive membros
do Grupo Santa Helena. Realizou três grandes exposições,
duas em São Paulo (1937 e 1939) e uma no Rio de Janeiro (1940).
A grande variedade de artistas presentes nessas exposições
não permite definir tendências ou estilos, mas alguns críticos
e historiadores identificam um caráter anti-vanguardista e anti-experimentalista.
Deixando as polêmicas de lado, a verdade é que tanto artistas
acadêmicos quanto artistas afinados com as vanguardas da época
participaram das exposições.
Grupo Santa Helena
Os artistas do Grupo Santa Helena construíram uma nova linguagem
artística, sem qualquer vínculo com as normas acadêmicas,
mas a união deles não se deu como uma revolta consciente
contra as regras estabelecidas. O grupo formou-se espontaneamente da reunião
de alguns artistas, em meados de 1934, que tinham ateliês no palacete
Santa Helena, na Praça da Sé. O reconhecimento do Santa
Helena como grupo só veio anos mais tarde.
Os santelenistas, em sua maioria, trabalhavam como artesãos ou
pintores-decoradores e tiveram sua formação básica
em escolas profissionalizantes como o Liceu de Artes e Ofícios
e a Escola Profissional Masculina do Brás. O grupo realizava visitas
ao subúrbio para realizar pinturas ao ar livre. Os temas dos quadros
do grupo são paisagens urbanas (principalmente), retratos, auto-retratos
e natureza-morta.
Os artistas santelenistas nunca expuseram em conjunto. O fato de que membros
do Santa Helena também pertencessem à Família Artística
Paulista fez com que o grupo fosse reconhecido pela crítica especializada.
O Grupo Santa Helena começa a desfazer no final da década
de 1930, quando os artistas passaram a desenvolver suas carreiras de forma
individual, unidos apenas pela amizade e convivência social que
fazam questão de manter. O palacete Santa Helena foi demolido em
1971 para a construção da estação de metrô
Praça da Sé.
Grupo Seibi
Tomoo Handa funda em 1935 o Grupo de Artistas Plásticos de São
Paulo, reunindo diversos artistas nipo-descendentes, entre os quais Walter
Sgigeto Tanaka e Kiyhoji Higaki. A primeira exposição ocorreu
no Clube Japonês, mas a continuidade do grupo foi ameaçada
pela entrada do Brasil da II Guerra Mundial e com o movimento de perseguição
aos japoneses no país, especialmente em São Paulo. Nova
fase veio após a guerra quando, em 1947, participam do grupo Manamu
Mabe e Tikashi Fukushima. As atividades se encerram em 1947, após
realizar 14 exposições.
Rex Gallery & Sons
A Rex Gallery & Sons é o local de exposições
do Grupo Rex, um local alternativo às galerias e museus existentes.
Localizada em uma parte da loja de móveis Hobjeto, na Rua Iguatemi
960, de propriedade de Geraldo de Barros, um dos mentores do Grupo Rex.
Na inauguração da galeria houve um baile.
A cooperativa artística paulista Grupo Rex teve vida curta, junho
de 1966 a maio de 1967, mas teve atividade intensa na cidade de São
Paulo, caracterizada pela irreverência, humor e crítica ao
sistema da arte. A origem da cooperativa está ligada à saída
de vários artistas da exposição Propostas 65, realizada
na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em protesto
à retirada de obras do artista Décio Bar pela censura do
regime militar. Entre eles estavam Wesley Duke Lee, Nelson Leirner e Geraldo
de Barros. O nome, Rex, foi sugerido por Wesley Duke Lee e representava
“uma atitude de vida, com grande sentido interior e que se baseava
no uso do banal. Sem medo das circunstâncias, por mais absurdo que
possa ser, e que sempre corresponde a uma ordem interna”.
Devido à falta de público e problemas financeiros, o grupo
convidou o público para a exposição de encerramento,
a Exposição-Não-Exposição, de Nelson
Leirner. O público poderia levar os objetos expostos, desde que
conseguisse, pois foram instalados diversos obstáculos para dificultar
a retirada das obras. O evento durou oito minutos.
Pinacoteca do Estado de São Paulo
A idéia original era que o edifício da Pinacoteca fosse
a sede do Liceu de Artes e Ofícios, um projeto de Leôncio
de Carvalho. A construção do edifício foi de 1897
a 1900, realizada pelo escritório de Ramos de Azevedo. No ano de
1905, a Pinacoteca é inaugurada como o primeiro museu de artes
plásticas do Estado de São Paulo. Em 1911, é transformada
em museu estadual e ocorre durante um mês a Primeira Exposição
Brasileira de Belas Artes. O acervo inicial conta com 59 obras de artistas
consagrados no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre quais se encontram
Pedro Alexandrino, José Ferraz de Almeida Júnior e Benedito
Calixto.
Até 1921, o prédio da Pinacoteca tornou-se do Liceu de Artes
e Ofícios. As revoltas políticas de 1930, a Revolução
de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 1932, fizeram
a Pinacoteca fechar suas portas por dois anos e servir de quartel improvisado,
reabrindo em novo endereço, á Rua 11 de Agosto, antiga sede
da Imprensa Oficial do Estado. Em 1947, retorna ao antigo endereço
na Avenida Tiradentes, Jardim da Luz. Entre 1932 e 1935, o controle do
museu fica sob responsabilidade da Escola de Belas Artes, sob as gestões
de Paulo Vergueiro Leão e Túlio Magnaini, o que a mantêm
distante dos movimentos de renovação artística do
início do século XX. Na década de 1970, com as administrações
de Delmiro Gonçalves, Clóvis Graciano e Walter Wey, o prédio
do museu passa por uma série de reformas e há uma mudança
nos critérios de escolha das obras, que passam a ser definidos
pelo Conselho de Orientação Artística da Pinacoteca.
Em 1982, o prédio da Pinacoteca é tombado pelo Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico
e Turístico do Estado de São Paulo – Condephaat –
e o museu passa a contar com o espaço exclusivo.
Liceu de Artes e Ofícios
No dia 14 de dezembro de 1873, Leôncio de Carvalho e mais 130 aristocratas
da cidade de São Paulo fundaram a Sociedade Propagadora da Instrução
Popular. Essa associação educacional privada, fundada com
o apoio da maçonaria, tinha como objetivo inicial as primeiras
letras aos filhos de camponeses e operários.
Nove anos depois de sua fundação, a instituição
passa por uma reformulação total. Os cursos profissionalizantes,
utilizando como modelo a experiência européia, são
introduzidos no currículo a partir do dia 1 de setembro de 1882.
Nesse dia, a instituição passa-se a chamar Liceu de Artes
e Ofícios de São Paulo.
No final do século XIX, o diretor-geral Francisco de Paula Ramos
de Azevedo foi responsável por uma reforma administrativa e curricular.
O arquiteto italiano Domiziano Rossi passa a fazer parte do corpo docente
do Liceu, tornando obrigatório o estudo de cunho renascentista,
principalmente nos ornatos, o que influenciou as construções
paulistas até cerca de 1920.
No ano de 1900, o Liceu muda-se para o prédio da Praça da
Luz. Através de um acordo com o Estado, o espaço foi dividido
com a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Dentro do Liceu foi instalada
uma exposição permanente dos trabalhos feitos por alunos.
Em 1905, tem início a produção para venda ao público
com o intuito de garantir a manutenção da instituição.
A redução das importações decorrente das duas
Guerras Mundiais contribuiu para o crescimento industrial do Liceu, verificando-se
um aumento no consumo dos produtos nacionais. Nomes como Vitor Brecheret
e Adoniran Barbosa passaram pela instituição nesse período.
Por ser um grande divulgador e realizador do estilo art-nouveau, o Liceu
recebeu o prêmio St. Louis Universal Exhibition.
Conflitos políticos das décadas de 1920 a 1930 interromperam
as atividades da instituição e causaram sérios prejuízos
materiais. O Liceu foi ocupado pelos batalhões nos movimentos revolucionários
de 1924, 1930 e 1932. Em 1945, sofreu mais prejuízos com um incêndio
ocorrido em sua sede. Em 1946, o Estado desapropria o prédio do
Liceu para instalar a Pinacoteca e a Escola de Belas Artes, cedendo, em
troca, o terreno do terminal do Tramway da Cantareira para suas instalações.
Na década de 1970 ocorre uma reforma curricular e é criada
a Escola Técnica. Na década seguinte é fundado o
Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo,
quando estréia o espetáculo multimídia Multivisão,
com roteiro do crítico Olívio Tavares de Araújo.
Parque do Ibirapuera
Oscar Niemeyer projetou em 1951 o complexo arquitetônico do Parque
do Ibirapuera, a convite do industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, Ciccillo
Matarazzo. O projeto iria marcar as comemorações do IV Centenário
da cidade de São Paulo.
O complexo do Parque do Ibirapuera é formado por cinco prédios,
interligados por uma marquise. Pesquisas estruturais dinâmicas,
exploração de formas e jogos de volumes são a marca
do estilo de Niemeyer.
Os Palácios das Nações e dos Estados, originalmente
destinados a exposições de arte, foram por muito tempo a
sede da Prefeitura do Município de São Paulo. As Bienais
Internacionais de 1953 e 1955 foram realizadas nesse espaço, embora
a sede da Fundação Bienal de São Paulo e o Museu
de Arte Contemporânea (MAC) estejam localizados no Palácio
das Indústrias. A OCA, antigo Palácio das Artes, foi projetado
para abrigar exposições de esculturas. O último prédio
a ser concluído e que atualmente se encontra fora do Parque é
o Palácio da Agricultura, sede do DETRAN-SP.
Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam)
A Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam) foi criada oficialmente em
22 de dezembro de 1932, na cidade de São Paulo. Nas primeiras reuniões
da Spam participaram Lasar Segall, Anita Malfatti, Camargo Guarnieri,
Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, entre outros.
A Spam, assim como o Grupo Santa Helena e a Família Artística
Paulista (FAP), faz parte de um contexto artístico em que a criação
de grupos e associações de artistas era a melhor estratégia
para a atuação na vida cultural das cidades do Rio de Janeiro
e São Paulo. Herdeiros da estética modernista, esses grupos
e associações entraram em contato, cada um à sua
maneira, com esse legado. A Spam tem como principais membros os artistas
do primeiro modernismo e alguns dos organizadores da Semana de Arte Moderna.
Após a definição dos estatutos e da primeira comissão
executiva, a Sociedade Pró-Arte Moderna é apresentada ao
público através da 1ª Exposição de Arte
Moderna, em 1933, com 100 obras de artistas modernos. A Spam tinha como
objetivos a aproximação entre os artistas e o público
interessado em arte, a promoção de eventos culturais (exposições,
concertos e reuniões literárias e dançantes), o sorteio
de obras entre os membros e a criação de sede para festas
e exibições. As festas realizadas pela Spam merecem destaque,
pois arrecadavam fundos para as despesas do grupo.
O primeiro baile carnavalesco, idealizado e dirigido por Segall, permitiu
o aluguel de uma sede, inaugurada em 1933, localizada no quinto andar
do palacete Campinas, Praça da República. Nessa sede foi
realizada a segunda exposição com artistas do Rio de Janeiro,
como Candido Portinari e Di Cavalcanti.
Problemas financeiros, desavenças entre os membros e a má
repercussão do segundo baile carnavalesco na imprensa levaram Lasar
Segall a propor a extinção da Spam em 1934.
O Estado de São Paulo
É um dos jornais paulistanos mais antigos em circulação.
Foi criado durante o Brasil Império, em 1875, com o nome de A Província
de São Paulo. Somente em 1890 receberia o atual nome. Seus fundadores
foram dezesseis pessoas reunidas por Manoel Ferraz de Campos Salles e
Américo Brasiliense, atendendo a uma proposta da Convenção
Republicana de Itu - um diário republicando que combatesse a monarquia
e a escravidão.
Em 1888, sob o pseudônimo de Proudhom, O Estado passa a contar com
a colaboração de Euclides da Cunha. No ano de 1902, Júlio
Mesquita, genro de um dos fundadores, torna-se o único proprietário
do jornal.
No dia 25 de janeiro de 1934, o governador Armando de Salles Oliveira
assinou o decreto que criava a Universidade de São Paulo (USP),
uma idéia lançada pelo Estado de São Paulo, através
de uma campanha liderada por Júlio Mesquita Filho. Coube a ele
chamar os professores estrangeiros, entre eles Claude Lévi-Strauss,
que fariam parte do corpo docente da Faculdade de Filosofia.
Em 1951 é criado o troféu SACI, um dos mais importantes
concursos culturais nas décadas de 1950 e 1960, prêmio dado
pela crítica aos melhores profissionais de cinema e teatro.
Segundo o próprio jornal, O Estado de São Paulo apóia
editorialmente a democracia e o livre mercado. Ele apoiou a Campanha Civilista
de 1909, a candidatura de Getúlio Vargas à presidência,
a Revolução Constitucionalista de 1932 e o Golpe Militar
de 1964. Ao constatar que os militares tinham a intenção
de se manter no poder, o jornal passou a fazer oposição.
Em 13 de dezembro de 1968, o jornal é impedido de circular por
ordem do governo militar. O motivo foi o editorial escrito por Júlio
Mesquita Filho, “Instituições em frangalhos”.
A partir desse momento, instala-se a censura dentro da redação.
Somente em 1975 a censura seria retirada do jornal, devido ao projeto
de distensão política do governo Ernesto Geisel.
Em 1997 foi criado o Prêmio Multicultural Estadão, para os
melhores expoentes culturais de cada ano.
A Gazeta
O jornal vespertino foi criado em 16 de maio de 1906 pelo jornalista Adolfo
Campos de Araújo. A Gazeta seguiu o padrão dos jornais da
época, poucas imagens e muito texto. Os primeiros anos de existência
do vespertino foram marcados por crises financeiras.
Em 14 de julho de 1918, Cásper Líbero, que era um dos colaboradores
do jornal, compra A Gazeta. Ele promove uma série de reformulações
para tornar o jornal um dos mais modernos da América Latina. Houve
investimento na criação de novos e inéditos suplementos,
e a valorização de assuntos locais, regionais, culturais,
esportivos e sociais. Assuntos que não eram tratados pela imprensa
brasileira, foram abordados n’ A Gazeta.
Grande entusiasta do esporte, Cásper Líbero concebe diversas
provas esportivas, como a Corrida de São Silvestre, um marco nas
realizações do gênero no Brasil. Para cobrir os eventos
esportivos, é criada uma seção diária de esportes
e o suplemento A Gazeta Esportiva, que mais tarde se tornaria uma publicação
independente.
Por apoiar a candidatura de Júlio Prestes e o Movimento Constitucionalista,
a redação do jornal é destruída pelos getulistas.
Cásper Líbero move um processo contra o Governo Federal
e ganha uma indenização. O dinheiro é aplicado para
modernizar o jornal e construir uma nova sede.
A morte de Cásper Líbero, em 1943, traz prejuízos
para o crescimento e a modernização do vespertino, mas A
Gazeta se mantém pioneira até a década de 1950. Em
25 de agosto de 1979, devido a uma crise financeira, A Gazeta torna-se
um suplemento do jornal esportivo A Gazeta Esportiva. Vinte anos mais
tarde, esse suplemento deixa de ser publicado.
Radio Gazeta
Começou como Sociedade Rádio Educadora Paulista, fundada
em 1923, tendo ido ao ar no ano seguinte, com participação,
na primeira irradiação, do músico Zequinha de Abreu,
em estúdio montado na residência de um dos donos, à
Rua Frei Caneca. Depois disso, a rádio foi instalada no Palácio
das Indústrias. Em 1926, a Prefeitura concedeu a ocupação
de um terreno, por trinta anos, nas imediações da Av. Paulista.
A construção da sede teve apoio de Cicillo Matarazzo e da
empresa RCA Victor, norte-americana. Cásper Líbero comprou
a empresa em 1940, criando a Rádio Gazeta de São Paulo.
Rádio Club Paulista
Também conhecido como Rádio Clube de São Paulo, foi
fundada em 1924, sediada na Rua Líbero Badaró. Como as demais
rádios-clube da época, reunia alguns sócios desejosos
de receber em seus receptores a “boa” música nacional
e estrangeira. Suas transmissões foram rápidas e pouco numerosas,
perdendo sua força no início da década de 1930. Em
1934, porém, reinicia suas transmissões com um equipamento
mais potente, sob a sigla de PRA-5. Os nomes responsáveis por essa
iniciativa foram Itagyba Santiago, Geraldo Homem de Melo, Leonardo Jones
e João Batista do Amaral.
Revista Klaxon
A revista Klaxon surgiu três meses após a Semana de Arte
Moderna. O primeiro número tem como data 15 de maio de 1922. Os
números 8 e 9 formam um único volume, dedicado a Graça
Aranha, e correspondem a dezembro de 1922 e janeiro de 1923, respectivamente.
Ela foi o meio de divulgação das produções
modernistas. A palavra Klaxon é de origem inglesa e significa “buzina
de automóvel”.
O que chama a atenção na capa é o tamanho da letra
a de Klaxon, cuja cor é contrastante com o fundo. Todas as palavras
da capa são dispostas para reaproveitar a letra a.
Além de escritores, colaboravam na revista artistas plásticos
e músicos. Eram publicados na Klaxon ensaios, crônicas, críticas
de arte, piadas, gravuras e anúncios sérios e satíricos.
Entre os colaboradores podemos destacar Mário de Andrade, Oswald
de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet.
Não havia diretor, redator-chefe, secretário etc. Era um
tipo de órgão coletivo, em que todos participavam de todas
as fases de produção.
A revista se mantinha sem qualquer ajuda financeiro do governo ou dinheiro
oriundo da assinatura. O Klaxon foi desativada, pois não interessava
mais os seus colaboradores.
Jornal Brasil
Pequeno jornal clandestino de oito paginas, muito bem impresso, ilustrado
com fotografias e caricaturas, criado por Júlio de Mesquita Filho
e Paulo Duarte e distribuído em São Paulo, Rio de Janeiro
e Belo Horizonte. Com editoriais agressivos contra o Governo Federal,
Brasil circulou até o número 21 quando finalmente seus diretores
foram expulsos do pais em 1938. O jornal recebia contribuições
de diversas autoridades, inclusive militares e contava com ampla distribuição
que o fazia chegar aos mais importantes leitores. Um de seus ilustradores
foi Belmonte.
Associação Paulista de Sports
Atléticos
Associação crida por iniciativa do Clube Atlético
Paulistano e A.A. Palmeiras, congregando associações, sociedades
e clubes esportivos, reflete o espírito metropolitano da cidade
que passa a se dedicar não só às artes, mas também
às atividades físicas e esportivas. Em 1919 reunia mais
de 150 entidades esportivas e mais de 150 mil jovens em atividade. Diversos
torneios e competições eram realizadas colocando São
Paulo em posição de destaque no país. A existência
da APSA estimula o esporte na periferia com a formação de
inúmeros grêmios esportivos de origem operária, muitos
deles dedicados tanto às artes como aos esportes. Empresas privadas
também eram estimuladas a manter seus times, especialmente de futebol
e até mesmo Washington Luís, prefeito da capital, em 1919,
declara seu apoio a esse tipo de valorização humana. Com
esse apoio oficial, São Paulo atingia o renome de capital esportiva
do país como prova a publicação da primeira revista
dedicada à prática esportiva, a Sports, que tinha Emiliano
Di Cavalacanti como um de seus ilustradores. A entidade, denominada depois
Associação Paulista de Esportes Atléticos –
APEA – desaparece em 1938, quando o futebol se organiza em suas
nova agremiações.
Instituto Histórico e Geográfico
de São Paulo
Fundado em 1894, tinha por finalidade estudar a particularidade da história
paulista e sua contribuição para a história do país.
A história de São Paulo é a própria história
do Brasil dizia o primeiro artigo da revista da instituição
. Contrastando com o Instituto Histórico e Geográfico do
Brasil, com sede no Rio de Janeiro, o IHGSP ostentava um inequívoco
viés republicano. Era resultado da associação de
homens das letras como Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho,
Antonio de Toledo Pizza e Estevan Leão Borroul. Os associados eram
os mesmos que também compunham a elite de organizadores do Museu
Paulista e da Academia de Direito. A visão local e a intenção
de buscar no passado os fatos que elevassem a auto-estima dos paulistas
fez com que o primeiro tema de estudo tenha sido o bandeirismo. Atos públicos,
emissão de selos, estabelecimentos de fronteiras foram algumas
de suas atividades. Mantido pelas jóias pagas pelos seus membros
e contando com verbas do estado, o IHGSP teve situação estável
tendo contado com sede própria à rua Benjamin Constant,
no centro histórico da cidade.
Museu Paulista
A origem do Museu Paulista remonta a D. Pedro I que desejava comemorar
a Independência do país erguendo um monumento perto da localidade
onde ela se consumou. Foi D.Pedro II, entretanto, quem encomendou o projeto,
em 1985, ao italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, que o concluiu em 1990.
Trata-se de uma grande área com construção imponente
em estilo neo-renascentista.
Sua transformação em museu propriamente dito só ocorreu
em 1893, com a aquisição da coleção de Joaquim
Sertório, composta de espécimes de história natural
e objetos indígenas. Em 1995, o zoólogo Herman von Ihering
é contratado para profissionalizar o museu e dotá-lo de
uma revista.
Aos poucos o Museu Paulista foi tomando cores mais locais e se dirigindo
especificamente para a história, o cotidiano e a especificidade
dos paulistanos. Hoje ele é parte integrante da Universidade de
São Paulo.
O ecletismo de sua coleção sempre foi uma de suas características.
Jorge Americano, escrevendo sobre São Paulo na passagem do século
XIX para o XX, rememora as coleções de documentos históricos,
a mineralogia e a zoologia. Escreve ele:
O que me interessava, porém, era a parte zoológica, esqueletos
e animais empalhados. Quadros de moscas, besouros e borboletas, espetados
em alfinetes. Pássaros de todos os tamanhos. O “joão-de-barro”
fazendo a casa, e o “picapau” abrindo buraco na madeira. A
hiena “devoradora de cadáveres” era uma decepção.
Não passava de um gatinho. Micos, sagüis, macacos. Jaguatiricas,
onça pintada. E cobras de todas as cores e tamanhos, até
a jibóia, enrolada num bezerro para esmagar-lhe os ossos e comê-lo.
Instituto Oceanográfico de São
Paulo
Denominado inicialmente Instituto Paulista de Oceanografia, o projeto
teve início com a fundação da Universidade de São
Paulo, estimulado por Cristiano Altenfelder Silva, Júlio de Mesquita
Filho e Paulo Duarte. Inspirados pelo Musée de l’Homme, de
Paris, buscava-se criar uma instituição que estudasse as
costas marinhas e sua riqueza natural. Desde o início, o projeto
contou com a colaboração de Wladimir Besnard que em 1947
chega ao Brasil para dirigi-lo. Como outros institutos, este também
fazia parte de um projeto amplo de desenvolvimento científico e
intelectual que não deixava de ser regional e político.
Tanto isso é verdade que Cristiano Altenfelder Siva, em homenagem
à morte de Besnard escreve o seguinte na Revista Anhembi:
A vitória de Besnard era a vitória de São Paulo.
Aqui o coração do francês ilustre pulsaria fortemente
também por São Paulo e em São Paulo deixaria de pulsar
aquele nobre músculo de vida.
Società Italiana di Beneficenza
Em 1878, durante as comemorações da morte de Vittorio Emanuele
II, surgiu a idéia de criação de uma sociedade beneficente
cujo objetivo principal seria a construção de um hospital
que prestasse socorro à comunidade italiana. Assim surgiu a Società
Italiana de Beneficenza, cujo primeiro diretor foi Ignazio Betoldi. O
primeiro prédio foi construído na Bela Vista, mas o aumento
significativo de imigrantes fez com que nova sede fosse construída
no Morro Vermelho, região perto da Av, Paulista. Era o Hospital
Humberto Primo que recebeu subsídios vindos da Itália e
dos italianos que se reunião como membros da Sociedade. Outros
recursos eram conseguidos com quermesses e festivais patrocinados pela
colônia italiana. Um dos seus grandes benfeitores foi o Conde Francisco
Matarazzo, responsável pelo grande impulso dado ao hospital na
década de 1920. Havia espaço para que os médicos
atendessem a população pobre e a clínica particular,
investia-se no ensino e capacitação dos médicos,
a Biblioteca era uma das melhores na área da saúde publicava-se
uma revista de projeção entre os médicos. A Società
chegou a sofrer intervenção durante o governo Vargas.
Franco Cenni explica: As origens de quase todas as sociedade italianas
que se formaram no Brasil são bastante parecidas: certo dia um
emigrado, ou um pequeno número deles, resolve convocar uma assembléia
mais ou menos numerosa, são estabelecidas as linhas gerais de ação,
quase sempre assistencial ou recreativa, é escolhido um nome e
trata-se de juntar dinheiro para realizar aquilo que sempre constituiu
a principal aspiração desses grêmios : sede própria.
Assim nasceram as demais Sociedades e Círculos de imigrantes italianos.
Uma dessas sociedades, a Galileo Galilei conseguiu, em 1904, realizar
um Congresso delle Società e Altre Instituzioni Italiane ao qual
compareceram as mais diferentes correntes ideológicas entre os
emigrados, do anarquista ao padre católico. Escolas de educação
italiana e periódicos como o Fanfulla também participaram.
Assuntos de interesse da colônia como uma política de imigração
e contratos de trabalho foram tratados na ocasião, assim como a
participação da comunidade na vida pública do país.
Teatro Municipal
Por iniciativa do então prefeito Antônio Prado e de Elias
Chaves, foi projetado, em 1908, por Cláudio Rossi, o Teatro Municipal
de São Paulo, inaugurado em 1911. Rossi viera pela primeira vez
ao Brasil como cenógrafo da Cia Lírica Ferrari e, em numa
segunda viagem, tornou-se empresário teatral, fixando residência
e alugando o Teatro São José Para suas atividades artísticas.
A arquitetura foi inspirada no Ópera de Paris, considerado como
o modelo de teatro da época, enquanto a construção
propriamente dita contou com os profissionais do Liceu de Artes e Ofícios,
a maioria deles italianos. Mas não foi só na construção
que a influência estrangeira, especialmente a italiana, se fez presente,
das 88 óperas que foram apresentadas entre 1912 e 1926, dezessete
eram de compositores italianos, dez de origem francesa e oito brasileiras.
As demais eram composições alemãs e russas.
Sobre a inauguração do Teatro Municipal conta Jorge Americano:
No segundo intervalo, passeava-se no “foyer”. Os homens, de
cartola na cabeça, embora dentro de casa. Os que tinham claque
(chapéu de molas londrino, que se achatava, e em cujas dobras se
apertavam as luvas), esses traziam-no debaixo do braço. Tudo como
em Londres ou em Paris, vejam-se os quadros de Renoir do fim do século.
Grêmio Dramático e Musical Luso-Brasileiro
Fundado em 1900, no Bom Retiro, por Agostinho Teixeira, José Martin
Adão, Francisco Pereira da Silva, José Ramalho e Delfim
Pereira da Silva, tinha como principal objetivo estatutário: Proporcionar
aos seus associados reuniões de caráter cultural e recreativo,
com predomínio da arte dramática e musical, com receita
mensal estatuída, objetivando elevação moral e entrelaçamento
familiar de seus associados . Com sede na Rua da Graça 144, essa
associação tinha além dessas preocupações
artístico-culturais, objetivos assistencialistas para apoio de
seus associados em casos de necessidade. Em 1922, foi realizado um festival
dramático-dançante como desagravo pela prisão de
um dos sócios, preso por assassinar o “sedutor de sua irmã”.
O Grêmio tinha uma atuação fortemente local, estabelecendo
relações próximas com autoridades civis e militares
para a resolução de problemas dos associados ou destes com
o bairro. Ele mantinha relações também com outras
sociedades beneficentes como a Classes Laboriosas e a Liga Operária
do Bom Retiro. Durante a epidemia de Gripe Espanhola, as dependências
da instituição foram cedidas à Cruz Vermelha e, durante
a Primeira guerra mundial, os associados procuravam defender os interesses
de seus membros.
Apresentações teatrais e a realização de bailes
consistiam nos principais eventos da agremiação. A temática
das peças era relativamente variada. Além das comédias,
dramas como “O Mineiro de Londres”, adaptado por um associado,
Sebastião Pereira Sobrinho e “A Fome” , que sugerem
uma abordagem relacionada ao trabalho e aos problemas sociais, também
constaram entre as encenações. As apresentações
teatrais, na maioria das vezes, eram feitas pelos próprios amadores
do Grêmio – entre eles, os próprios diretores. Infelizmente,
o acervo referente aos scripts das peças foi destruído recentemente
por um presidente da associação, o que impossibilita o trabalho
de maior aproximação em relação à temática.
O Grêmio dispunha de uma biblioteca e suas ações eram,
muitas vezes, justificadas em função do pensamento de algum
filósofo ou sociólogo, como Jean-Jacques Rousseau, citado
em atas da instituição:
Foi deste filósofo que nós aprendemos a conhecer e amar
para estarmos em sociedade, mas na sociedade verdadeira, pois foi esse
filósofo que pela primeira vez traçou as fundações
das sociedades modernas, e foi ele quem nos deu noções mais
ou menos exata do que era a sociedade, qual era o seu modo de existir
e de viver; foi ele quem nos ensinou a amar a sociedade boa e sã
(...)
Escola Livre de Sociologia e Política
Criada a 27 de maio de 1933, é a mais antiga instituição
paulista de ensino superior na área de ciências sociais.
A Escola Livre surgiu no momento em que a elite paulista estava tentando
recuperar a influência política que perdera na Revolução
de 1930. Foram feitos investimentos em projetos educacionais e culturais
voltados para a racionalização do trabalho, reforma social
e modernização da gestão pública. As disciplinas
de ciências sociais eram vistas como um instrumental de importância
estratégica para a implementação de projetos de análise
científica da sociedade brasileira, bem como para a busca de soluções
para os problemas sociais emergentes.
Até meados de 1950, a Escola Livre de Sociologia e Política
ficava em algumas salas cedidas pela Escola de Comércio Álvares
Penteado, no prédio do Largo São Francisco. Em 1954, adquire
sede própria, localizada no palacete da rua General Jardim, na
Vila Buarque.
Como não havia uma pesquisa social de base científica no
Brasil, foram contratados professores estrangeiros, principalmente norte-americanos,
entre eles se destacou Donald Pierson. Além disso, esse fato dava
prestígio à instituição e atraía alunos
e recursos.
Beneficência Portuguesa de São
Paulo
Criada em meados do século XIX, por Luis Semeão Ferreira
Viana e Joaquim Rodrigues Salazar, essa associação procurava
apoiar os trabalhadores portugueses. Como suas congêneres, declarava
ter por objetivos facilitar o emprego, prestar socorre, garantir a subsistência
e dar sepultura a seus membros. A primeira ação da Sociedade
se deu em 1860 quando foi resgatado um negro português vendido como
escravo .
Em 1976, foi inaugurado o hospital São Joaquim. Ampliado no começo
do século XX, em terreno da Rua Maestro Cardim, no Paraíso.
A instituição cresceu com São Paulo e, em 1950, teve
seu primeiro presidente brasileiro, o empresário Antonio Ermírio
de Morais. Na década seguinte tornou-se vanguarda em cirurgia cardíaca.
Outra associação congregando portuguesas e seus descendentes
foi o Centro Trasmontano, criado em 1932, referência no auxílio
à saúde de seus associados. Mais tarde, abriu-se a novos
associados como empresa privada para prestação de serviços
e venda de seguros de saúde.
Clube de Gravura de São Paulo
Sob influência do Taller de Gráfica popular, de Paris, surgiram
no mundo diversos Clubes de Gravura defendendo a importância revolucionária
da gravura e a responsabilidade social dos artistas em relação
à sociedade. No Brasil, a tendência se espalhou de norte
a sul e, em São Paulo, diversos artistas, entre eles Renina Katz,
Mário Gruber, Luiz Ventura e Otávio Araújo, fundaram
o Clube de Gravura de São Paulo que, como os demais, tinha por
objetivo divulgar uma arte política e engajada . Cada associado
pagava uma mensalidade e com isso tinha direito a uma reprodução
de um trabalho dos artistas membros do clube. Apesar da curta duração
do Clube de Gravura – cerca de meses – foram realizados cursos
de gravura, sob orientação de Renina Katz e Manuel Martins,
além de mostras e exposições pelo interior do estado.
Além disso, os gravado9res ilustravam a revista Fundamentos, cujo
objetivo era discutir as questões artísticas, inclusive
a Bienal de São Paulo e seus critérios.
Cia Cinematográfica Vera Cruz*
Empresa fundada em 1949 por Franco Zampari, engenheiro napolitano que
veio da Itália para trabalhar nas indústrias Matarazzo.
O nome era bem brasileiro: Vera Cruz – em memória ao primeiro
nome do país. Montada em São Bemardo do Campo, cidade satélite
de São Paulo, ocupava vasta gleba de terra, pertencente ao Ciccillo
Matarazzo que foi o um de seus fundadores principal mecenas. Com investimentos
do Estado, o projeto previa uma empresa moderna e sofisticada, conforme
os estúdios norte-americanos, distanciando-se da produção
de cunho popular realizada pela Atlântida. O comando da empreitada
ficou a cargo de Alberto Cavalcanti, como produtor geral da empresa que
se dedicou a produções, caras de qualidade e de gênero
diversificado.
Abílio Pereira de Almeida foi o diretor de destaque, responsável
por ter lançado um dos maiores fenômenos do cinema nacional
– Mazzaropi. Mas, apesar de alguns sucessos notáveis como
O cangaceiro, de Lima Barreto, não houve retorno suficiente e a
empresa acabou endividada, sem possibilidades de competir com a televisão
que fazia sua estréia na cultura brasileira .
O associativismo está presente também na fundação
da Vera Cruz:
...Ciccilo Matarazzo, Franco Zampari e todo um grupo de pessoas que haviam
participado da criação do MAM e do TBC discutiam animadamente
a organização de uma companhia produtora de filmes. Ainda
uma vez por sugestão de Almeida Salles, Alberto Cavalcanti é
convidado a participar do empreendimento. No dia 3 de novembro no saguão
do MAM, em meio a um coquetel que reunia artistas, intelectuais e um grupo
de bons burgueses, era assinada a ata de constituição da
Companhia Cinematográfica Vera Cruz .
Museu de Arte de São Paulo*
Fundado em 1947 por Assis Chateaubriand, foi dirigido, desde o início
por Pietro Maria Bradi que se tornou uma das figuras mais importantes
da Cena Paulista. Tudo começou em um canto dos Diários Associados
na Sete de Abril, com o prédio ainda em construção.
Renato Cirell Czerna, Flávio Motta, Enrico Camerini, Gabrie!a Borchard
e Nidia Lycia constituíram o primeiro grupo de colaboradores. Desde
essa época até mais tarde quando, já na Avenida Paulista,
em prédio projetado por Lina Bo Bardi, o MASP se transformou em
símbolo da cidade, congregando artistas das mais diversas tendências.
Acumulou uma coleção de respeito internacional e movimentou
as artes no Brasil, não só as artes plásticas, mas
o cinema e o teatro.
Assis Chateaubriand, organizou, em 1948, no MASP, o Centro de Estudos
Cinematográficos que, por iniciativa de Ruggero Jacobbi, Adolfo
Celi e Carlos Ortiz, promove, no ano seguinte , um Seminário de
Cinema. Por sugestão do crítico Almeida Salles, Pietro Maria
Bardi, diretor do MAM, convida Alberto Cavalcanti, que chegou ao Brasil
em 04/09/49, para pronunciar uma série de conferências no
seminário.
No campo didático-profissional, o MASP contribuiu com cursos e
oficinas e dando origem ao Instituto de arte Contemporânea e a Escola
Superior de Propaganda, criados na década de 1950.
Villa Kyrial*
Localizada na Rua Domingos de Morais, número 10, São Paulo,
a propriedade de 7000 m2, batizada de Villa Kyrial, ficava perto da estrada
do Vergueiro que ligava a cidade ao litoral. Térrea, em quase toda
sua extensão, tinha uma ampla varanda que dava acesso ao hall e
à galeria. Construída em 1897, tornou-se parada obrigatória
de personalidades brasileiras e estrangeiras e centro de vida cultural,
política e artística paulista, no início do século
XX. Numa época em que São Paulo apenas acordava de sua letargia
provinciana, a criação de um salão nos moldes daquele
mantido por Veridiana Prado, no fim do século XIX, já era
suficiente arrojo. Tratava-se de uma verdadeira Secretaria de Cultura
num período em que não havia nenhuma no governo paulista.
Lá se debatiam idéias, apresentavam-se artistas iniciantes,
declamava-se poesia, ouvia-se palestras e música. Além de
se comer e beber do bom e do melhor, sob orientação do dono
que se considerava um gourmet, um expert em vinhos e perfumes e em tudo
mais que caracterizasse a vida intelectual, social e mundana da Europa
da Belle Époque.
As soirées semanais reuniam cerca de vinte e quatro pessoas que
recebiam convites nominais especificando o cardápio, a programação
e o traje. Após a refeição havia uma série
de atividades artísticas que tinham a função de entreter
o círculo de conhecidos e reafirmar valores culturais com os quais
se identificavam. Música, dança, jogos e palestras se sucediam,
quase sempre de inspiração francófila.
A programação da Kyrial era rígida - cada dia da
semana era reservada aos representantes de um tipo determinado de atividade
artística: às segundas-feiras reuniam-se os pintores; às
terças-feiras os escultores; às quartas-feiras os músicos.
Nessas últimas, chamadas de Jantares da Lira, apresentavam-se conjuntos
formados por violoncelo, flauta, violino, piano e contrabaixo que acompanhavam
cantores. Às quintas-feiras eram convidados os poetas, às
sextas-feiras os escritores e aos sábados, os políticos.
Nem aos domingos a Villa descansava e, de forma mais informal, uma mistura
dos convivas da semana comparecia para comer na varanda e nos jardins.
Revista do Brasil*
Foi criada em 1916 por Julio de Mesquita, Alfredo Pujol e L. P. Barreto
com proposta editorial inovadora: dar um colorido nacionalista aos diferentes
aspectos do Brasil. Além de literatura e arte, tratava dos problemas
nacionais. Teve grande sucesso e repercussão por sua crítica
aos estrangeirismos considerados até então como sinal de
requinte. Foi nessa revista que Oswald de Andrade publicou o Manifesto
Pau-Brasil. Por ela passaram os grande nomes da intelectualidade brasileira
como Mário de Andrade, Monteiro Lobato e Rui Barbosa. Foi editada
até 1984 com alguns períodos de interrupção.
De 1916 a 1925 foi dirigida por Monteiro Lobato, Afrânio Peixoto,
Amadeu Amaral e Paulo Prado.
Clube do Cinema da Faculdade de Filosofia*
Décio de Almeida Prado, Antonio Candido, Ruy Coelho, Cícero
Cristiano de Souza e Lourival Gomes Machado, que fundadores da revista
Clima organizam também o Clube de Cinema onde se projetava filmes
de Fritz Lang e Ivan Mojouskine, seguidos de debates. Assim surgia a crítica
de cinema no país. Das discussões, muitas delas em francês,
participavam professores estrangeiros que, na época, trabalhavam
na USP. O interesse por um cinema brasileiro era pequeno, assim como a
produção da época – o foco estava no cinema
europeu da década de 1920. O único cineasta a participar
de algumas reuniões foi Lima Barreto.
O segundo Clube de Cinema de São Paulo é criado apenas em
1946 por B. J. Duarte, Almeida Salles, Rubem Biáfora, Lourival
Gomes Machado e Múcio Porfírio Ferreira, entre outros, apresentando
filmes de Frank Capra, Fritz Lang, Clerence Brown, Wil Jason. O sucesso
é maior que o previsto e as projeções – antes
efetuadas numa sala de 41 lugares do serviço Cultural do Consulado
Norte-Americano – passaram a ocorrer nos mais variados locais, com
platéias maiores. Promovem-se algumas pré-estréias,
com filmes cedidos por empresas distribuidoras.
Museu de Arte Moderna*
Fundado por Francisco Matarazzo Sobrinho, em 1948, teve como primeiro
diretor o belga Léon Dégand que procurou administrá-lo
nos moldes norte-americanos: organização de uma coleção
permanente, realização de mostras temporárias e atividades
culturais diversas tais como palestras, cursos e mostras cinematográficas.
Lourival Gomes Machado substituiu Degand no ano seguinte, encarregando-se
da I Bienal de São Paulo e das suas subseqüentes exposições,
com as quais foi enriquecendo sua coleção. Em 1962, o MAM
dissolve-se e, transferido seu acervo para a Universidade de São
Paulo, dá origem ao Museu de Arte Contemporânea. As Bienais,
por sua vez, passam a ser organizadas por uma Fundação.
O MAM foi saudado por diversos grupos de intelectuais e artistas que viam
nele uma alternativa para o elitismo e estrangeirismo do MASP. Esperava-se
que os artistas brasileiros pudessem ter nele um espaço de formação
e manifestação artística. O projeto arquitetônico
da sede do MAM foi de Vilanova Artigas e, coincidentemente, para o mesmo
prédio da Sete de Abril que abrigava seu concorrente, o MASP.
Posteriormente, o MAM/SP ressurge em 1969, tendo como evento mais significativo
a mostra Panorama da Arte Atual Brasileira que vem se repetindo regularmente
.
Grupo Zumbi
Fundado em 1920, reunia escritores pequeno-burgueses e operários
que clamavam contra a elite econômica, influenciados pelo ideário
de esquerda que chegava ao Brasil no Pós-Guerra. A escolha do nome
do herói de palmares é sugestiva dessa posição
de esquerda revolucionária. Estavam unidos a outros movimentos
semelhantes no Brasil e principalmente no exterior liderados pelo Grupo
Clarté, com sede em Paris. O movimento paulista teve pouca repercussão,
mas, segundo seus defensores, inclusive Afonso Schmidt, sua existência
nos anos de 1918, 1919 e 1921, coloca-os numa posição de
pioneiros em relação à propalada Semana de 22 .
1. AMARAL, Aracy – obra citada, p. 40.
2. PEREIRA, Mônica de S. G. (1987), Anhembi: criação
e perfil de uma revista de cultura. São Paulo, Idesp. (Série
História das Ciências Sociais no Brasil, nº 2.) in ARRUDA,
Maria Arminda Nascimento – Empreendedores Culturais Imigrantes em
São Paulo de 1950 - Tempo Soc. vol.17 no.1 São Paulo June
2005
3. SEVCENKO, Nicolau – obra citada, p. 73.
4. LIMA, Yone Soares de – A ilustração na produção
literária – São Paulo – década de vinte
– São Paulo: Instituto de estudos Brasileiros, 1985, p. 29.
5. SCHWARCZ, Lília – A construção de uma identidade
paulista – in: BUENO, Eduardo - Os nascimentos de São Paulo
– Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p.165.
6. AMERICANO, Jorge – São Paulo naquele tempo (1895-1915)
– São Paulo: Narrativa 1/ Carbono 14/ Carrenho, 2004, p.201.
7. SILVA, Cristiano Altenfelder – Origens do Instituto Oceanográfico
de São Paulo - Revista Anhembi – Ano X, número 120,
volume XL, novembro de 1960,
8. CENNI, Franco – Italianos no Brasil – “Andiamo in
Merica” – São Paulo: EDUSP, 2003, p.307.
9. AMERICANO, Jorge – obra citada, p.284.
10. SIQUEIRA, Uassyr de – Clubes e Sociedades dos Trabalhadores
do Bom Retiro – Dissertação de Mestrado apresentada
ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2002.
11. Ata de Assembléia Geral 08/05/1
12. Idem 24/09/19
13. Idem
14. FREITAS, Sônia Maria – Presença portuguesa em São
Paulo – São Paulo: Imprensa Oficial e Memorial do Imigrante,
2002, p. 150.
15. AMARAL, Aracy – Arte para quê? – São Paulo:
Nobel, 1984, p.187.
16. LEITE, Sidney Ferreira – Cinema Brasileiro – das origens
à retomada – São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 2005, p. 75.
17. GALVÃO, Maria Rita – Burguesia e Cinema: o caso Vera
Cruz – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/Embrafilme,
1981, p. 26,
18. Cadernos História da Pintura no Brasil – São Paulo:
Instituto Cultural Itaú, 1993, Abstracionismo – Marcos Históricos,
p. 12.
19. AMARAL, Aracy – obra citada, p. 34.